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1 Quer você saber em carta,
Meu caro Joaquim Mamede,
Depois da morte do corpo
Aquilo que nos sucede.
2 A resposta necessária
Pede à gente tanto estudo,
Que muito desencarnado,
Neste ponto, fica mudo.
3 Digo, porém, a você
Sem a menor pretensão
Tanto a morte, quanto a vida
Exigem preparação.
4 Você sabe: sempre erramos,
Conforme o senso comum
Mas guarde a paz em si mesmo,
Não guarde remorso algum.
5 Trate o corpo com cuidado,
Imite o zelo de alguém
Que tendo uma enxada só,
Protege a enxada que tem.
6 Não chore as crises da Terra,
Que a própria vida se arruma,
Dos problemas que carregue
Não faça queixa nenhuma.
7 A favor da paz dos outros,
Ante a fé na qual se ampara,
Perdoe qualquer prejuízo,
Aguente tapa na cara.
8 Merece muito de Deus,
Quem poda sombra ou pesar,
Ajudando aos companheiros
Lutando sem reclamar.
9 Trabalhe quanto puder,
Quanto puder faça o bem,
Não há ninguém sem valor
Não pense mal de ninguém.
10 Julgar os outros? Desista,
É questão em que não entro,
Cada qual mostra por fora
Aquilo que traz por dentro.
11 Às vezes vemos na Terra
O crime ou a perturbação,
Mas lembre: vemos o mal,
Deus considera a intenção.
12 Fale menos, pense mais,
Cultive a comida pouca,
Muita gente lembra peixe
Que se perde pela boca.
13 No copo muita atenção,
Naquilo que se recebe,
Em qualquer tempo, não tome
Água que gato não bebe.
14 Quanto ao mais cumpra o dever,
Recordando com juízo,
Que a morte é assim como a lei:
Chega sempre que é preciso.
Cornélio Pires
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