1 A missão do Espiritismo, tanto quanto o ministério do Cristianismo, não será destruir as escolas de fé, até agora existentes.
2 Cristo acolheu a revelação de Moisés.
3 A Doutrina dos Espíritos apoia os princípios superiores de todos os sistemas religiosos.
4 Jesus não critica a nenhum dos Profetas do Velho Testamento. 5 O Consolador Prometido não vem para censurar os pioneiros dessa ou daquela forma de crer em Deus.
6 O Espiritismo é, acima de tudo, o processo libertador das consciências, a fim de que a visão do homem alcance horizontes mais altos.
7 Há milênios, a mente humana gravita em derredor de patrimônios efêmeros, quais sejam os da precária posse física, atormentada por pesadelos carnais de variada espécie. 8 Guerras de todos os matizes consomem-lhe as forças. 9 Flagelos de múltiplas expressões situam-lhe a existência em limitações aflitivas e dolorosas.
10 Com a morte do corpo, não atinge a liberação. 11 Além-túmulo, prossegue atenta às imagens que a ilusão lhe armou ao caminho, escravizada a interesses inconfessáveis. 12 Em plena vida livre, guarda, ordinariamente, a posição da criatura que venda os olhos e marcha, impermeável e cega, sob pesadas cargas a lhe dobrarem os ombros.
13 A obstinação em disputar satisfações egoísticas, entre os companheiros da carne, constitui-lhe deplorável inibição e os preconceitos ruinosos, os terríveis enganos do sentimento, os pontos de vista pessoais, as opiniões preconcebidas, as paixões desvairadas, os laços enfermiços, as concepções cristalizadas, os propósitos menos dignos, a imaginação intoxicada e os hábitos perniciosos representam fardos enormes que constrangem a alma ao passo vacilante, de atenção voltada para as experiências inferiores.
14 A nova fé vem alargar-lhe a senda para mais elevadas formas de evolução. 15 Chave de luz para os ensinamentos do Cristo, explica o Evangelho não como um tratado de regras disciplinares, nascidas do capricho humano, mas como a salvadora mensagem de fraternidade e alegria, comunhão e entendimento, abrangendo as leis mais simples da vida.
16 Aparece-nos, então, Jesus, em maior extensão de sua glória. Não mais como um varão de angústia, insinuando a necessidade de amarguras e lágrimas e sim na altura do herói da bondade e do amor, educando para a felicidade integral, entre o serviço e a compreensão, entre a boa vontade é o júbilo de viver.
17 Nesse aspecto, vemo-lo como o maior padrão de solidariedade e gentileza, apagando-se na manjedoura, irmanando-se com todos na praça pública e amparando os malfeitores, na cruz, à extrema hora, de passagem para a divina ressurreição.
18 O Espiritismo será, pois, indiscutivelmente, a força do Cristianismo em ação para reerguer a alma humana e sublimar a vida.
19 O Espaço Infinito, pátria universal das constelações e dos mundos, é, sem dúvida, o clima natural de nossas almas, entretanto, não podemos esquecer que somos filhos, devedores, operários ou companheiros da Terra, cujo aperfeiçoamento constitui o nosso trabalho mais imediato e mais digno.
20 Esqueçamos, por agora, o paraíso distante para ajudar na construção do nosso próprio Céu. 21 Interfiramos menos na regeneração dos outros e cogitemos mais de nosso próprio reajuste, perante a Lei do Bem Eterno, e, 22 servindo incessantemente com a nossa fé à vida que nos rodeia, a vida, por sua vez, nos servirá, infatigável, convertendo a Terra em estação celestial de harmonia e luz para o acesso de nosso Espírito à Vida Superior.
Emmanuel
[1] [O Evangelho, 1.5-7]