1 Tentando definir a mediunidade, podemos ainda interpretá-la como sendo a capacidade de fazer-se alguém intermediário entre pessoas e regiões distintas. E assim como existem agentes de variada espécie para variados assuntos da vida humana, temos medianeiros de especialidades múltiplas para a vida espiritual.
2 Informados hoje de que a morte física não expressa sublimação, não podemos assim admitir que o desenvolvimento das faculdades psíquicas constitua, só por si, credencial de superioridade.
3 Daí, o imperativo de fixarmos no aprimoramento pessoal a condição primária do êxito, em qualquer tarefa de intercâmbio.
4 Aqui, encontramos clarividentes notáveis e além somos defrontados por excelentes médiuns falantes, mas se aquele que vê não possui discernimento para o esforço de seleção e se aquele que se faz portador do verbo não consegue auxiliar a obra de esclarecimento construtivo, o trabalho de transmissão sofre naturalmente consideráveis prejuízos, desajudando ao invés de ajudar.
5 Nesse sentido, somos obrigados a reconhecer que o espírito do Cristianismo jamais foi alterado, em sua pureza essencial, mas os representantes ou medianeiros dele, no curso dos séculos, impuseram-lhe cultos, interpretações, aspectos e atividades, simplesmente artificiais.
6 O médium de agora deve exprimir-se em mais altos níveis.
7 Acham-se, frente a frente, os dois grandes grupos da Humanidade — encarnados e desencarnados — e, em ambos, persistem os “altos e baixos” do mundo moral…
8 Se o intermediário entre eles não se aperfeiçoa, convenientemente, permanece na posição do aprendiz retardado, por tempo indefinível, nas letras iniciantes, quando lhe constitui obrigação avançar sempre, na direção da sabedoria.
9 O artista é o representante da música.
O violino é o instrumento.
Mas se o violino aparece irremediavelmente desajustado, como revelar-se o portador da melodia?
10 A força elétrica é o reservatório de poder.
A lâmpada é o recipiente da manifestação luminosa.
Mas se a lâmpada estiver quebrada, como aproveitar a energia para expulsar as trevas?
11 O benfeitor espiritual é o mensageiro da perfeição e da beleza.
O homem é o veículo de sua presença e intervenção.
Todavia, se o homem está mergulhado no desespero ou no desalento, na indisciplina ou no abuso, como desempenhar a função de refletor dos emissários divinos?
12 Há muita gente que se reporta ao automatismo e à inconsciência nos estudos da mediunidade, perfeitamente cabíveis no círculo dos fenômenos. Não podemos olvidar, entretanto, que o serviço de elevação exige esforço e boa vontade, vigilância e compreensão daquele que o executa, a fim de que a tarefa espiritual se sustente em voo ascensional para os cimos da vida.
13 Por esse motivo, quem se disponha a cooperar em semelhante ministério, precisará buscar no bem a sua própria razão de ser.
14 Amando, arrancamos no caminho as mais belas notas de simpatia e fraternidade, que constituem vibrações positivas de auxílio e apoio, na edificação que nos compete efetuar.
15 A bondade e o entendimento para com todos representam o roteiro único para crescermos em aprimoramento dos dons psíquicos de que somos portadores, de modo a assimilarmos as correntes santificantes dos Planos superiores, em marcha para a consciência cósmica.
16 Não há bom médium, sem homem bom.
17 Não há manifestação de grandeza do Céu, no mundo, sem grandes almas encarnadas na Terra.
18 Em razão disso, acreditamos que só existe verdadeiro e proveitoso desenvolvimento psíquico, se estamos aprendendo a estudar e servir.
Emmanuel
[1] [O Livro dos Médiuns, 200-218]