1 Em plena vida espiritual, antes de tornar ao terrestre sorvedouro, contemplamos a paisagem do mundo em que nos propomos realizar complicados serviços.
2 Lá se encontra o antigo lar que deixamos, velho ninho dourado pelo sol de nosso amor e encharcado da lama de nossos escuros débitos.
3 E, disputando o regresso para a obra de regeneração que nos cabe efetuar, prometemos sacrifícios mil.
4 É o coração amado que desejamos auxiliar no reajuste doloroso, hipotecando cooperação e carinho para abreviar-lhe os sofrimentos…
5 É a conta que esperamos resgatar integralmente, lançando ao futuro os nossos votos de abnegação.
6 É o inimigo multissecular que pretendemos converter em irmão, ao preço de nossa renúncia suprema… E a coleção de afetos e desafetos que insistimos em receber, metamorfoseados em filhos de nossa ternura, para conduzir, montanha acima, à feição de flores e espinhos, joias e pedras sobre o próprio peito…
7 E, aqueles que se elegeram orientadores do nosso destino, endossam-nos o apelo…
8 Voltamos, com a veste carnal que escolhemos e conquistamos as situações e os recursos de que nos supomos necessitados para a tarefa que nos elevará.
9 Mas, ai de nós! Tão logo a matéria densa nos cobre parcialmente a visão, olvidamos, à pressa, os compromissos assumidos.
10 E esquecemos promessas, entusiasmos e afirmações edificantes que constituíam a base de nossos planos redentores.
11 Novamente na carne, deixamo-nos iludir pelas requisições do pretérito e, ao invés de procurar o conselho do amor que tudo compreende e tudo ilumina, buscamos as falaciosas opiniões do “eu” enfermiço do passado que teimamos em retomar.
12 E o adversário continua adversário, a desarmonia prossegue desarmonia e a treva, sem alteração, tudo ensombra, mergulhando-nos em desespero cruel.
13 Ó vós que guardais, por sublime depósito, as verdades do Além, auxiliai-nos a sustentar o serviço do Amor! 14 Redimamos o passado que sentimos vivo e atuante dentro de nós. 15 Somente o fogo do sacrifício conseguirá extinguir os remanescentes de nossos velhos erros e, assim sendo, permaneçamos valorosos e leais à Divina Vontade, na cruz de nossas obrigações santificantes, na abençoada certeza de que, além do monte empedrado e triste de nossos aflitivos testemunhos, brilha, infindável a divina, a celeste alvorada de nossa eterna ressurreição.
Emmanuel