1 Minha querida filha: Deus nos abençoe!
2 Não se sinta esquecida por sua mãe na viagem dolorosa.
3 Mãe também, sinto as penas que lhe sangram o coração e, mais acordada para a vida, em razão do milagre da morte, mais me doem suas feridas, suas amarguras, suas provações…
4 Ainda assim, louvemos o sofrimento que se fez nosso aguilhão de todos os dias.
5 É por ele que alvejamos o tecido de nossa alma, a fim de vestir, mais tarde, aquela túnica de felicidade na festa nupcial da comunhão com Jesus. 6 Até lá, é preciso padecer e agradecer, chorar e sorrir, trabalhar e esquecer, acolhendo os transes da existência por dádivas do Céu e desculpando a existência escura da Terra, pela claridade que as suas lutas acerbas inflamam, em nós.
7 De tudo o que vi no mundo, de tudo o que conheci entre os homens, só mesmo a fé e o serviço, a prova e o sofrimento, se revestem de justo valor.
8 Enquanto na carne, sobram enganos ao coração…
9 Procuramos equilíbrio nas ilusões da vida material, como se essas ilusões não passassem…
10 Buscamos satisfação e reconforto, segundo as convenções humanas, como se essas convenções representassem realidades.
11 Idealizamos a construção de um paraíso de amor com os nossos afetos, como se esses laços não pertencessem a Deus…
12 E, por isso, quando a ventania da experiência ruge sobre nós, raramente nos sustentamos de pé, a fim de prosseguir na subida para o melhor.
13 Mais feliz que eu mesma, apesar das aflições que me devastaram na Terra, você tem visto a tempestade de perto, sabendo dignamente atravessá-la.
14 Não perca sua coragem e sua confiança, sua submissão ao Céu e sua paciência de cada dia.
15 A fé viva é uma lâmpada que não se apaga quando sabemos oferecer-lhe o combustível de nossa humildade, perante o Senhor.
16 Não tema, diante dos obstáculos. Lembre-se da transitoriedade de tudo! 17 Nosso lar, que era um ninho, nossas afeições que eram oásis de alegria, nossos projetos que eram alimento da alma e nossas realizações domésticas que pareciam verdades inamovíveis também passaram…
18 Eu, às vezes, penso que a reencarnação dos seres que se amam, em abençoados grupos familiares, é semelhante a breve reunião de viajores num recanto pacífico da praia…
19 Por algum tempo, é possível a continuidade da comunhão de vistas e esperanças naqueles que se entrelaçam; mas, logo após, o mar que nos deve exercitar as forças, em ondas fortes, se incumbe de separar temporariamente os que se harmonizam uns com os outros, a fim de que a romagem de aprendizado alcance os seus fins, no fortalecimento do espírito.
20 Graças a Jesus, você tem vencido galhardamente os choques e as surpresas da travessia laboriosa…
21 E esteja certa de que, enquanto suas mãos estiverem acariciando a cruz que o Senhor nos concede, por valioso salva-vidas, no oceano irado das provações, sua viagem continuará sempre iluminada pelo sol bendito da Divina Proteção a conduzi-la até o porto seguro da paz definitiva, em que abnegados amigos a esperam, solícitos e amorosos. 22 E guarde igualmente a convicção de que estamos ao seu lado, auxiliando-a em todos os lances difíceis, para que a vejamos, enfim, afortunada e vitoriosa.
23 Minha filha, por mais inquietantes sejam os tropeços, não desanime, recordando que mais tem Deus a nos dar.
24 O Celeste Amor não se empobrece. Quanto mais buscamos das mãos de Nosso Pai, maiores suprimentos nos reserva Ele às nossas necessidades.
25 Descanse, atenda à saúde e continuemos dando o melhor de nós mesmas na plantação do bem.
26 A dor é senda para a alegria.
27 O pranto é a preparação do sorriso.
28 A saudade é a esperança que sofre.
29 Tomemos Jesus por nosso condutor infalível e avancemos.
30 Distribua minhas lembranças com todos os nossos e, conchegando você ao meu coração, peço-lhe guardar, como sempre, todo o carinho, todo o reconhecimento e todo o amor de sua mãe,
Isabel