63ª reunião | 25 de janeiro de 1958.
Presentes: Arnaldo Rocha, Ênio Santos, Elza Vieira, Francisco Gonçalves, Laura Nogueira Lima, Geni Pena Xavier, Lucília Xavier Silva, Francisco Teixeira de Carvalho, Geraldo Benício Rocha, Edite Malaquias Xavier, Neuza Rocha, Aderbal Nogueira Lima, Francisco Cândido Xavier, Zínia Orsine Pereira, Maria da Cruz, Áurea Gonçalves e Waldemar Silva.
Comunicação recebida pela médium Zínia Orsine Pereira.
Meus novos amigos, se assim me externo é devido a uma grande surpresa que encontrei em vocês e nesta casa, na minha penúltima visita. Essa surpresa é a da amizade desinteressada, coisa em que jamais acreditei.
Nas duas primeiras vezes em que por aqui passei, julguei vocês todos meus adversários. Só via traição por onde passava e voltei mais rebelado ainda, mas agora compreendo que errei e errei muito. Vocês só visavam a minha tranquilidade. Acontece que quando temos uma ideia fixa dentro do coração, ela nos invade todo o ser e se cristaliza de tal forma que passamos a ver inimigos naqueles que pensam diferente de nós.
Com certeza, devem se lembrar de minha passagem por aqui. Eu era perseguido, dia e noite, sem parar, por uma luz intensa e fria, que me penetrava o coração, devassando todos os recônditos de uma alma revoltada, incrédula, criminosa e, sobretudo, infeliz. O meu erro era o meu ídolo, o meu tesouro, e não compreendia a vida de outra forma. Sofri muito, mas como o bem está sempre a cavaleiro do mal, fui dominado pela dor e cheguei à conclusão de que não era aquela luz que me feria, mas era, antes, o negrume de minha alma, que, procurando, debalde, ofuscar aquela luz, me dava a impressão dolorosa de choques elétricos, destrutíveis e terríveis!
Sofri muito, mas agora estou certo de que contra a “força” não há poder. Esta força incomensurável, esta avalanche poderosa e irresistível é o amor de Deus! Mil vezes deveríamos preferir, se possível fosse, o aniquilamento do nosso próprio Espírito a lutar contra esse Poder Supremo, como fiz eu! Quanto mais sofria mais lutava, quanto mais lutava mais revoltado me tornava!
Agora, não sei se terei forças para enfrentar uma nova vida e suportar tudo resignadamente. Mas, para mim, não tenho outro caminho, pois terei que recolher todos os espinhos que eu mesmo espalhei.
Que Deus me ampare e me torne um paralítico, um cego e um mudo, para que a revolta não me faça errar e nem perder a oportunidade que vou ter.
Januário Teixeira