O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Registros imortais — F. C. Xavier e outros médiuns do Grupo Meimei — Autores diversos


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Um adeus agradecido

46ª reunião | 12 de setembro de 1957.


Presentes: Arnaldo Rocha, Ênio Santos, Elza Vieira, Francisco Gonçalves, Geni Pena Xavier, Lucília Xavier Silva, Francisco Teixeira de Carvalho, Francisco Cândido Xavier, Edmundo Fontenele, Edite Malaquias Xavier, Áurea Gonçalves, Zínia Orsine Pereira, Geraldo Benício Rocha, Waldemar Silva e Hélio de Albuquerque Porciúncula.

Comunicação recebida pelo médium Geraldo Benício Rocha.


Como a noiva que em despedida de lar paterno percorresse todos os recantos onde cresceu e animou os seus sonhos de juventude e de construção de um lar, venho aqui, esta noite, despedir-me do meu lar espiritual.

Não sei quando fui, sei apenas que era a imperfeição em corpo de mulher. Sei que buscava, em todos os meneios do meu corpo, com todas as seduções do meu sexo, com toda a imperfeição da minha alma e com toda a maldade que nela era insuflada, sugar, atrair, desnortear, prejudicar, vampirizar homens, mulheres e moças.

O Senhor compadeceu-se de mim e fui trazida à nossa casa. Apresentei-me coquete, perfumada, engalanada, como se quisesse conquistar o mundo. Lancei mão de todos os meus artifícios, mas a prece, a divina prece, reduziu-me a um montão de carne pútrida e à condição de alma que esmolava por caridade uma prece na noite tenebrosa da ignorância do ser. E aquela alma vampira, aquela víbora que sugava o amor, que infelicitava lares, que desnorteava chefes de família, sentiu os benefícios de um beijo maternal do Senhor em seu coração.

As vossas preces transformaram-me na mais respeitadora, humilde e desejosa criatura, de pureza, de santidade e de perfeição. E durante quatro anos permaneci noite a noite, dia a dia, em contato com as emanações evangélicas dos vossos Espíritos e a engrossar o cabedal de compreensão no estudo evangélico desta casa.

Aproximando-se agora a hora de voltar a resgatar o quanto fiz, eu sinto o coração temeroso — a mulher decidida a conquistar o mundo e a todos com o meu corpo, na verdade, dominava. Sinto-me agora tímida, amedrontada, acovardada diante das responsabilidades que sei tenho que resgatar. Então volto novamente, de joelhos, aos pés dos meus irmãos e dos meus amigos, que foram os intérpretes dos benfeitores desta casa, do Senhor Jesus, de nossa imaculada Senhora e Mãe, para que me ajudem no retorno ao corpo de mulher. Que eu saiba ser honesta, que eu saiba ser digna, ser mãe, e saiba enxugar as lágrimas que eu derramei; que eu saiba harmonizar os lares que levei à cizânia, e que saiba consolar as dores que implantei.

Não sei se terei forças para tanto. O Senhor prometeu-me essas possibilidades, então vou tomar novo corpo. Estudei muito e meditei bastante. Venho, pois, nesta hora quase que de angústia, porque tenho medo! Venho pedir vosso socorro! Lembrem-se de mim!

Deus vos ampare! Deus vos ajude e que não vos esqueçais da vossa irmã!


Gercina


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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