45ª reunião | 5 de setembro de 1957.
Presentes: Arnaldo Rocha, Ênio Santos, Elza Vieira, Francisco Gonçalves, Geni Pena Xavier, Lucília Xavier Silva, Francisco Teixeira de Carvalho, Francisco Cândido Xavier, Edmundo Fontenele, Edite Malaquias Xavier, Zínia Orsine Pereira, Geraldo Benício Rocha, Áurea Gonçalves e Waldemar Silva.
Comunicação recebida pelo médium Geraldo Benício Rocha.
Meus irmãos, louvemos ao nosso Senhor Jesus!
Padre católico, e envergando ainda a veste sacerdotal, e agradecendo a Deus, Senhor, por me ter concedido a graça, venho trazer a todos que, com bondade, me ouvem a minha saudação, a minha solicitação e o meu agradecimento.
Jamais, do púlpito, fui capaz de tecer frases consideradas literárias, ou sermões brilhantes, mas buscando sempre a inspiração do sacratíssimo coração de Maria, nossa Mãe, soube consolar as mães aflitas, orientar os pais em situações difíceis e pude, no contato com a natureza, buscar os sucos que curavam, alimentar as esperanças e acender a luz divina nas almas que se sentiam combalidas pela doença, pela dor e pelo desassossego.
A minha alma sentia que através do genuflexo, ou do genuflexório dos altares, acima das hóstias consagradas havia um sol muito brilhante, uma luz eterna, imorredoura, que se espargia em bênçãos para todas as criaturas de boa vontade, porque no Evangelho o Senhor nos prometia um consolador eterno a viver conosco para sempre.
Vivendo em cidade onde o preconceito arraigava-se de tal modo que até o nosso pensamento se encurralava dentro da estreiteza do entendimento, no muito pouco nos era permitido elevar o pensamento em temas, em poemas de tanta filosofia, de tanto engrandecimento, de tanta consolação ou esperança! Mas a nossa alma sentia, e sentia com a certeza da nota que sentiu a vibração harmônica — que a alma se comunicaria eternamente, evoluiria sempre e cresceria na medida de suas conquistas morais e intelectuais! Então começamos, no acanhamento do ambiente em que vivíamos, de quando em vez, ouvir vozes que nos animavam. O silêncio já não era para nós um ambiente de desagrado, mas, sim, o de vozes acalentadoras, promissoras, um porvir mais brilhante se fazia ouvir.
Nós, cheios de esperança, caminhávamos, caminhávamos esperançosos de que portas maiores se descerrassem para o nosso entendimento.
Desencarnado, vagamos como um sacerdote que — Deus seja louvado! —, de certo modo soube cumprir os seus deveres e não se envergonhou diante do Senhor. Até que coração a nós ligado e a vós também nos trouxe para participar deste Pentecostes que aqui se comemora de há muito. Então a nossa alma se banhou nas águas deste batismo. O nosso Espírito se dilatou em entendimento e o nosso coração entoou hosanas ao Senhor! Nós nos sentimos engrandecer dentro da pequenez de nosso ser! Os nossos olhos enxergaram o futuro infinito. E nós vibramos de contentamento na ciência maravilhosa que flui de todos e para todos, na cura, na consolação, na instrução, na esperança e na fé! De joelhos, então, buscamos a consoladora Doutrina dos aflitos que nos fizeste dignos de permanecer em tão extraordinário, em tão encantador recanto de paz e de trabalho, de solidariedade e de compreensão! E fomos considerados, mercê de Deus, não pelos nossos merecimentos, um dos obreiros dos tutelados desta casa.
Anos já se passaram, nunca tivemos ensejo de manifestar a nossa palavra, porque somos bastante humildes e nada fizemos que pudéssemos merecer essa dignidade, essa consideração…
No entanto, se avolumaram de tal modo os sofredores dos arraiais católicos onde militamos, de tal modo nosso coração se confrangeu ao sentir que os nossos irmãos, discípulos na Doutrina dos Espíritos, nas terras de São João Del Rei, distanciam-se, por infelicidade, da possibilidade de melhor orientação, que fomos obrigados a manifestar, materializando a nossa palavra numa solicitação de uma súplica de que nos ajudeis a consolar, a orientar, a evangelizar companheiros que se debatem em sofrimentos, em agonias e em dores.
Assim nos associamos nos empreendimentos de socorro a corações que nos são muito caros e materializamos a nossa voz — um velho padre que nada mais soube fazer que algumas mezinhas [remédios caseiros], alguns chazinhos que curavam bronquites, coqueluches, dores de barriga e coisas de somenos importância — no entanto, sempre certos de que o Senhor era o Rei dos reis e deveria nos amparar, como de fato nos amparou.
O que mais poderia eu apresentar aos meus irmãos como justificativa para que o vosso coração cristão me receba?
O que mais poderei eu solicitar de vós que sentis nos vossos Espíritos as clarinadas da vida eterna e as clarinadas da evangelização? Apenas o vosso auxílio, a esmola da vossa ajuda. Bendizendo a Deus e ao Senhor, que nos permitiram esta graça, louvemos aos Seus santíssimos nomes, suplicando que amparem a todos os necessitados que ouvem a nossa palavra e que, como nós, necessitam do Seu amparo.
Deus, em Sua bondade, nos faça dignos de continuar a merecer a Sua ajuda.
Gustavo Ernesto Coelho