26ª reunião | 25 de abril de 1957.
Presentes: Arnaldo Rocha, Ênio Santos, Francisco Gonçalves, Geni Pena Xavier, Francisco Teixeira de Carvalho, Francisco Cândido Xavier, Edmundo Fontenele, Elba de Castro, Aderbal Nogueira Lima, Zínia Orsine Pereira, Geraldo Benício Rocha, Laura Nogueira Lima, Áurea Gonçalves, Waldemar Silva e Alcides de Castro.
Comunicação recebida pelo médium Geraldo Benício Rocha.
Chamada a dirigir a todos quantos se encontram nesse campo de vibrações antagônicas e de sofrimentos, na saudade cruciante do lar distante, na dor pungente a dilacerar a alma, a saudade, enfim, daqueles que constituíram na Terra a razão mesma de viver, nós vimos neste momento buscar no Evangelho, nos livros sagrados, as expressões capazes de fortalecer vosso ânimo, de modificar a vossa mente e iluminar os vossos caminhos, curando as chagas dos vossos corações para que, numa jornada mais ou menos próxima, possais formar o vosso lar com aquelas estrias luminosas de fé, de esperança e de consolação.
O Senhor, por um de seus enviados, conhecidos como profetas, disse: “Se Deus estiver conosco, quem contra nós poderá estar?” ( † )
Não sei como constituístes os vossos lares, sei apenas que fostes mulheres. Como se fôsseis apenas flores, destes perfume, mas de um perfume que se exalava, espargia do externo, sem que do íntimo d’alma, dos recessos da feminilidade, que é ser mãe educadora, exemplo de ternura e de amor, de paciência e de fé, existisse realmente o frasco divino, onde a essência do amor pudesse purificar o ambiente para o qual fostes chamadas a moldar, construir, formar caracteres delicados, sensíveis, amoráveis, obedientes, dóceis aos ensinos do Senhor e que se guiassem pelos vossos próprios ensinos. Nada disso foi feito, infelizmente, e assim é na generalidade de quase todos os lares na Terra em que vivemos, em que vivestes, em que viveremos ainda!
O culto externo preocupa-nos. A formação de um altar doméstico, de um altar no íntimo d’alma, onde os nossos filhos vêm oscular no exemplo construtivo de uma personalidade cheia de pensamentos elevados, positivos ao ponto de auxiliá-los nas lutas da vida, não é tido em mente e nem entra na meta quando nos entregamos aos nossos devaneios femininos. Vem a morte, traga-nos a vida física. Somos surpreendidas na imensidão do mundo, que continua a nos exigir os patrimônios que o Senhor nos legou. Então, aquela expressão do Senhor — “Eu vim para que pudésseis ter vida abundante” ( † ) — surge em nossa mente como que numa rememoração do compromisso assumido e o desespero então apodera-se da nossa alma conturbada, desesperada, e lembramo-nos de que seguimos apenas a vaidade e de que as expressões que nos embalaram os melhores propósitos foram traídos ao reencarnarmos.
“Eu vim para que tivésseis vida abundante…” — a palavra do Senhor, porém, não foi o lema da nossa existência, porque não tivemos a vida abundante de fé nem de bons exemplos, nem de confiança, nem de arrependimento dos nossos erros pretéritos.
Tivemo-la, sim, cheia de vaidade, cheia de preocupações sociais, de projeções na vida da sociedade, que é efêmera, como é efêmero o perfume das flores com que nos adornamos. Eis, pois, a desilusão que vos congrega agora, as lágrimas que rolam das vossas faces, como que caldeando uma nova mentalidade, como que espargindo em vossos Espíritos a dor da culpabilidade de terdes sido mulheres e não mães, mulheres e não esposas, mulheres e não educadoras, dentro dos princípios divinos, pelos quais deveríamos aceitar a dignidade de um corpo feminino.
Agora, pois, resta-nos uma consolação.
“O Senhor é nosso pastor e nada nos faltará”, ( † ) disse-nos ainda outro grande profeta. Voltemos para ele os nossos olhos e as nossas esperanças, que as nossas dores sejam balsamizadas pela consoladora certeza de que o pastor não permite que o seu rebanho tenha fome, tenha sede, fique exposto aos raios candentes do sol, não permite que o lobo faminto dizime o seu rebanho.
Voltemos confiantes para o Senhor, que é o nosso pastor. Busquemos a sua experiência para que nos conduza a campos verdejantes e a fonte de águas vivas vos dessedente. Essas expressões traduzem o desejo de acordar na vossa alma, com o símbolo de que o Senhor é o nosso pastor, a certeza de que Jesus é o pastor supremo e divino que vos conduzirá a novo lar, a nova experiência, onde o vosso seio seja rasgado e o divino leite materno crie com amor, dentro dos princípios salutares e sacrossantos da evangelização, novas mentalidades, aquelas mesmas que foram causa dos vossos desvios. E que a concepção da vida futilíssima, da vida adornada de perfumes e de flores, mas vazia de sentimentos, não mais seja a vossa preocupação. Só assim, só nessa expectativa, só nessa confiança perante o Senhor, no desejo mesmo da reforma do vosso Espírito, podereis aliviar as vossas dores. A nossa prece — a prece dos irmãos que formam esta corrente divina, que vos trazem até aqui como se fôsseis apanhados por uma poderosa rede eletrônica —, é tão suave e tão sutil que apenas representará perfume indelével no vosso Espírito, um bálsamo salutar nas vossas almas doloridas.
Não tem ela, no entanto, o poder de modificar o vosso estado atual, porque de nós depende a nossa própria felicidade. Do vosso coração depende a vossa tranquilidade no futuro. Da vossa mente depende a escada luminosa pela qual devemos subir e iluminar com os nossos próprios exemplos, com os nossos próprios atos, a formação do novo lar, que é sempre o cadinho a formar, burilar as nossas almas e as daqueles em que em nosso seio e em nossa vida devam erigir nova vida, elevando os seus melhores pensamentos a Jesus, nosso Senhor, e à sua divina, à nossa divina Imaculada Mãe e misericordiosa Senhora.
Quanto, pois, podia, neste momento, transmitir aos vossos corações de mães aflitas, desajustadas e desconsoladas o fiz na certeza de que a Senhora soberana muito mais poderá fazer se, com fé, disserdes como todos nós agora: “Ó Maria, mãe de infinito amor e misericórdia, por nós rogai agora e em todos os momentos de nossas angústias!” Que assim seja.
Violeta Odete