24ª reunião | 4 de abril de 1957.
Presentes: Arnaldo Rocha, Ênio Santos, Elza Vieira, Francisco Gonçalves, Antônio Inácio de Melo, Geni Pena Xavier, Francisco Teixeira de Carvalho, Francisco Cândido Xavier, Edmundo Fontenele, Olga Leal Peduto, Eunice Cerqueira, Aderbal Nogueira Lima, Zínia Orsine Pereira, Geraldo Benício Rocha, Laura Nogueira Lima, Waldemar Silva e Esmeralda Bittencourt.
Comunicação recebida pelo médium Geraldo Benício Rocha.
Louvemos a Jesus, nosso Senhor!
Meus irmãos, em verdade, o Senhor disse: “Eu não vim trazer a paz, mas a divisão”. ( † ) E a sua espada desembainhou-se e os seus discípulos desembainharam-nas também. Fomos todos chamados e desembainhamos também a nossa espada e nos esforçamos pelo bom combate, mas esquecemos de verificar os companheiros que tinham a marca do Cordeiro. Trouxemos outra marca e por ela nos embrenhamos e nos destruímos. E aquela palavra sábia e orientadora, que através dos séculos e das gerações clama por nosso entendimento, ainda hoje nos encontra desagregados e desorientados, de espada na mão, sem trabalharmos pelo bom combate.
Separamos corações, separamos interpretações, separamos religiões e não combatemos os erros, a intolerância, o interesse monetário, o sectarismo e os desentendimentos na nossa própria casta. A espada que o Senhor desembainhou é a palavra de paz, de harmonia e de entendimento, o símbolo divino por ele adotado. O Cordeiro de Deus não veio até nós para que se dividissem os homens em nome do Evangelho, mas como símbolo de sacrifício para que até à própria imolação sejamos levados para exemplificar com amor, com virtude e com dignidade a nossa missão de apóstolos da hora nona.
O nosso coração lastima profundamente a ilusão que ainda nutris, apesar de despidos dos despojos materiais. É nesta hora, em que se aproxima a semana da paixão daquele que por nós derramou seu sangue para nos redimir, para nos elevar, para nos congregar, para nos enaltecer e consolar, salvar, iluminar as nossas almas, que eu venho como companheiro de outrora, como companheiro que perambula pelas mesmas estradas da vossa vida, que é nossa vida, dirigir-vos a minha palavra de meditação e de esperança, a fim de que possamos unificar os nossos sentimentos, orientar melhor a nossa força para uma igreja maior, para uma igreja mais alta, para uma interpretação mais consoladora, para uma iluminação pura, diferente do sectarismo que nos tem animado.
Em toda parte, onde as lágrimas das mães correm nas aflições da formação dos caracteres dos seus filhos, aí está a igreja de nosso Senhor Jesus Cristo. Na beira da forja, onde o carvão, estilhaçando, queima o rosto do homem que funde o ferro, amoldando-o, dentro da arte, aí está a igreja santa do Senhor Jesus. Nos golpes da enxada na terra ressequida ou úmida, no suor que irriga essa mesma terra, na espiga cheia de grãos aloirados, na colheita abundante está a igreja divina do Senhor Jesus. Em toda parte, onde os homens e as mulheres lutem, trabalhem, criem e aperfeiçoem, chorem ou dignifiquem qualquer labor está a igreja divina do Senhor.
Embainhemos a espada sectária que desembainhamos outrora para empunhar o Evangelho do trabalho com a palavra da consolação e da caridade. Por mais nos esforcemos para erguer das catacumbas a igreja de Roma, ela passará sobre a nossa consciência com a bagagem do seu ouro e da sua injustiça a desfigurar a lição simples do Evangelho do Cristo.
Irmãos, a interpretação de agora não é espiritista ou esoterista, a interpretação é, simplesmente, cristã! O que valem as insígnias das vossas vestimentas? O que valem todas as pompas e títulos a que nossos cargos faziam jus? Tornamo-nos Espíritos errantes nas estradas da vida à maneira de brutos desencarnados, sem a bênção da evangelização. Os companheiros que aqui se congregam, ministros sem capelas, pastores sem varas e sacerdotes sem tonsuras são tão dignos ou mais dignos que nós outros, que muito recebemos e nada soubemos dar.
Estamos, nesta noite, arrostando as dificuldades de uma comunicação mais direta convosco, materializando a nossa voz a fim de impulsionar-vos para o coração sacratíssimo de nossa Mãe Imaculada, Senhora de todas as virtudes e consolações, a fim de que, muito breve, possamos erguer uma espada de justiça que destrua os nossos erros e interpretações falaciosas, associando-nos aos companheiros que aqui se reúnem para orientarmos a própria vida e a daqueles irmãos que têm os olhos voltados para nós, a nos pedir esclarecimento e reconforto. Só o Evangelho, meus filhos e meus irmãos, pode consolar as nossas almas! Só no esquecimento do passado cheio de erros clamorosos, só na destruição do personalismo que vive em nós poderemos alcançar a paz que tanto almejamos! E na exiguidade do tempo que se me permite, neste instante, suplico ao Senhor da Misericórdia Eterna nos ajude na tarefa em que nos empenhamos. De joelhos, roguemos à Senhora consoladora, à Senhora soberana de todos os aflitos e de todos os necessitados, advogada nossa, para que nos ampare e nos oriente, permitindo-nos novos entendimentos nesta casa e em outras casas onde o Evangelho de seu divino Filho é um farol para nortear as criaturas cheias de deveres e de responsabilidades como nós outros, que nos resvalamos por interpretações diferentes.
Paz a todos vós, irmãos! Luzes ao vosso Espírito!… É a súplica constante que do meu coração de irmão mais velho e responsável por vós parte neste momento. A vós, amigos, que me acolheis com a bondade de companheiros e de irmãos caridosos, a minha solicitação de auxílio no empreendimento que se me oferece. E agradeço a Deus, o Supremo Senhor, pela oportunidade que me concedeu, saudando-vos, a todos, em nome do divino Jesus que nos congrega.
O vosso servo humilde,
Silvério Gomes Pimenta