1 Jaz Carlinda ofegante num palheiro…
Noventa anos de luta… Agora cega,
Agoniza no chão a que se apega,
Vendo a Luz brilhando no terreiro…
2 Lembra o trabalho, a roça, a enxada, o aceiro,
Tem saudade do milho na moega,
Ninguém lhe enxuga o pranto a que se entrega…
Nisso, aparece um jovem mensageiro.
3 — “Quem sois?” — pergunta a pobre ao desabrigo.
Ele diz: — “Sou Jesus, sou teu amigo,
Vim buscar te ao repouso… Estás cansada…”
4 Carlinda sai do corpo… Como é linda!
E, abraçada a Jesus, seguiu Carlinda
Numa estrela de flores da alvorada…
Cornélio Pires
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