“Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram.” — PAULO (Romanos, 12.15)
1 Realmente, na Terra, é mais fácil chorar com os que choram.
2 Em muitas circunstâncias, mágoas alheias servem de consolação para nossas mágoas.
3 Quem carrega fardos enormes como que nos estimula a suportar os estorvos leves.
4 Num desastre qualquer, que nos teria colhido, inclinamo-nos, comovidamente, para as vítimas, guardando, muita vez, a ilusão de que fomos agraciados por Deus, como se a responsabilidade de moratórias e empréstimos, que nos são concedidos pela Misericórdia Divina, dentro da Lei, fosse para nós regime de favoritismo e exceção.
5 Ajudar aos que se encontram em provações maiores que as nossas é caridade sublime; no entanto, é forçoso reconhecer que aconselhar paciência aos que choram, na posição de superiores tranquilos, é o mesmo que falar à margem de um problema, sem estar dentro dele.
6 Com isso, não queremos diminuir o valor da beneficência. Sem ela, nossas mãos se fariam garras de usura e o egoísmo transformaria a Terra num manicômio.
7 Desejamos simplesmente afirmar que é mais fácil chorar com os que choram, que alegrar-se alguém com os que se alegram; porquanto, ajudar com o pão ou com a alegria que nos sobram é ato que podemos realizar sem dificuldade, ao passo que, para regozijar-nos com o regozijo dos outros, sem qualquer ponta de inveja ou despeito, é preciso trazermos suficiente amor puro no coração.
Emmanuel
(Reformador, março de 1961, p. 50)