“Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo, e não segundo o Cristo.” — PAULO (Colossenses, 2.8)
1 Se alcançaste um raio de luz do Evangelho, avança na direção do Cristo, o Divino Libertador.
2 Não julgues seja fácil semelhante viagem do espírito.
3 Encontrarás, em caminho, variados apelos à indisciplina e à estagnação.
4 Serás surpreendido a cada passo pelos sofistas da Religião, pelos falsários da Filosofia, pelos paranoicos da Ciência e pelos dilapidadores da História, empavesados nas engenhosas criações mentais em que encarceram a própria vida, buscando atrelar-te o pensamento ao carro da argumentação filauciosa a que se acolchetam, famintos de louvor e de vassalagem.
5 Mutilando a revelação divina, desfigurando preceitos da verdade, abusando da inteligência ou fantasiando episódios furtados ao registro fiel do tempo, armam ciladas ou levantam castelos teóricos, em que a sugestão menos digna te inclina a existência à rebelião e ao pessimismo, à viciação e à inutilidade.
6 Atendendo, quase sempre, a interesses escusos, lisonjeiam-te a insipiência, incensando-te o nome, quando não se desmandam na vaidade, aliciando-te a decisão para que lhes engrosses o séquito de loucura.
7 Acompanhando-os, porém, não te farás senão presa deles, fâmulo desditoso das ideias desequilibradas que emitem, no temerário propósito de se anteporem ao próprio Deus.
8 Querem escravos para os sistemas falaciosos que mentalizam, quando Jesus deseja te faças livre para a conquista da própria felicidade.
9 Acautela-te no trato com todos os que tudo te pedem, no campo da independência espiritual, limitando-te a capacidade de sentir e pensar, empreender e construir, porquanto, em nos fazendo tributários da falsa glória em que se encasulam, relegam-nos a existência a planos de subnível, quando o Cristo de Deus, tudo nos dando em amor e sabedoria, nos ampliou a emoção e o conhecimento, a iniciativa e o trabalho, convertendo-nos em filhos emancipados da Criação, para que tenhamos não apenas a vida, mas Vida Santificada e Abundante.
Emmanuel
(Reformador, agosto de 1959, p. 170)