“Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé e não tiver as obras? porventura a fé pode salvá-lo?” — (TIAGO, 2.14)
1 Estranha a norma do homem, quando julga possuir as chaves da Vida Superior, simplesmente por manter a fé, como se bastasse apenas convicção para que se realize serviço determinado.
2 Comparemos fé e obras com a planta e as construções.
3 Sem plano adequado, não se ergue edifício em linhas corretas.
4 Note-se, porém, que o aleijão arquitetônico, improvisado sem plano, ainda serve, em qualquer parte, para albergar os que jornadeiam sem rumo, e o projeto mais nobre, sem concretização que lhe corresponda, não passa de preciosidade geométrica, sentenciada ao arquivo.
5 Um viajante transportará consigo vasta coleção de croquis pelos quais se levantará toda uma cidade, mas, se não dispõe de uma tenda a que se abrigue durante o aguaceiro, decerto que os desenhos, conquanto respeitáveis, não impedirão que a chuva lhe encharque os ossos.
6 Possuir uma fé será reter uma crença religiosa; no entanto, cultivar a fé significa observar segurança e pontualidade, na execução de um compromisso.
7 Ninguém resgata uma dívida unicamente por louvar o credor.
8 À vista disso, não nos iludamos.
Asseguremo-nos de que não nos faltará a Bondade Divina, mas construamos em nós a humana bondade.
9 Por muito alta a confiança de alguém no Poder Maior do Universo, isso, por si só, não lhe confere o direito de reclamar o bem que não fez.
Emmanuel
(Reformador, julho de 1963, p. 145)