O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Palavras sublimes — Autores diversos


23

Súplica fraternal

1 Meu prezado irmão, que me ouça o Altíssimo, a cujo coração augusto e resplandecente, em o qual se contém todas as excelsitudes do Cosmos, envio, por ti, a minha súplica fraternal.

2 Para cá das fronteiras da Terra, os Espíritos, despojados das impressões carnais como que se despersonalizam, identificados nas essências sublimes do amor fraterno, laço sacrossanto que une todos os mundos e todas as almas. 3 É por esse motivo que nos qualificamos de irmãos. De fato, todos o somos, sob as vistas amoráveis do magnânimo Pai celestial, já que nos ligam as mesmas aspirações ao Perfeito, palpitando em nossos corações a mesma partícula divina que nos faz vibrar as almas do mais forte de todos os anseios: o de união ao Criador.

4 Até a mim chegou o apelo do teu coração dolorido e, se eu pudesse, arrancaria de ti as penosas impressões psíquicas como se extirpa uma chaga. 5 Todavia, Jesus é o médico de todas as almas e sabe qual o tratamento que lhes convém. Mas em razão de nosso livre alvedrio, somos senhores de nosso próprio destino.

6 Depois de Deus, ente supremo, absoluta majestade do Universo, nada há, para os Espíritos, tão sagrado como o livre-arbítrio. 7 Daí a necessidade da iniciativa de cada individualidade a bem da sua própria evolução. Afastar as possibilidades da autoeducação seria eliminar o progresso, seria despojar o ser de um dos seus divinos atributos, que é a liberdade. 8 Da realidade desse asserto ressalta a ineficácia dos recursos da taumaturgia para a cura integral de uma alma enferma e abatida.

9 É à própria alma que compete, em meio das lutas ásperas e dos cruciantes amargores, nos quais está o preço de sua redenção, quando denodadamente suportados, concatenar as suas energias latentes e as suas forças desaproveitadas para estabelecer o controle da sua existência temporária, corrigindo defeitos, dominando inclinações nocivas, envidando esforços para que a sua vontade se fortaleça, seu sentimento se eleve, sua mente se clarifique, integrando-se ela, assim, na harmonia dos seres e das coisas. 10 Uma doutrina religiosa ou um bom alvitre são elementos de cura, mas não são a própria cura. A primeira a auxilia, porque ensina, esclarece, ilumina, conforta, representando para o coração angustiado um manancial de energias, onde as criaturas encontram forças para sustar os fracassos quase irremediáveis, as desgraças coletivas e para evitar a propagação de males e ruínas, paralisando o surto de resoluções inconfessáveis.

11 Isoladamente, porém, o Espírito, em qualquer Plano da vida, tem de coordenar as suas possibilidades para o bem, para a luz, para o amor, em seu benefício, fazendo das aspirações nobres e do trabalho proveitoso o santuário onde a sua mentalidade penetre diariamente para se purificar. 12 Só assim conseguirá armazenar em si os grandes cabedais de energia, de fé e beleza moral, que lhe farão viver em correspondência com os Planos superiores do Universo, de onde lhe virão os primores intelectivos e sentimentais, como recompensa natural aos seus esforços.

13 Uma das mais proveitosas formas dos Espíritos se entregarem a uma atividade fecunda a prol do seu aprimoramento está na reencarnação e eles a escolhem como o caminho mais fácil para a evolução necessária e a almejada ventura. 14 Na plenitude da consciência, calculam as suas possibilidades e traçam um plano a que obedecerão rigorosamente e que constitui quase sempre um como mapa de trabalho e sofrimentos.

15 Tornam à carne. n Lutam e padecem. Suas provações parecem obedecer a um implacável determinismo e, com efeito, obedecem, porquanto foi o próprio Espírito quem traçou a senda que lhe compete percorrer, para vencer, dizemo-lo, sem paradoxo, o seu próprio destino, transformando os acúleos da estrada em flores de evolução espiritual. 16 Os bons desejos, a moral elevada, a confiança nos poderes superiores do bem, as preces sinceras, se mantidas com perseverante vontade, lhe evitam os distúrbios psicológicos e as quedas, por pior que seja o caminho.

17 É por essas razões, estribadas na mais pura lógica, que não nos é possível modificar de vez o teu estado psíquico. Estendemos-te as nossas mãos fraternas, amparamos-te com nossos braços intangíveis, mas poderosos, e te indicamos a senda por onde chegarás à felicidade ou redenção: a Misericórdia Divina responderá aos teus apelos veementes.

18 Luta com abnegação e com heroísmo. Todos os homens nascem para triunfar da prova a que se submetem. Toda carne está eivada de taras perniciosas. Mas será lícito ao Espírito entregar-se-lhe à influência, olvidando as noções da sua liberdade ativa? Não.

19 O atavismo é um dos grandes escolhos que devem ser vencidos pelas almas no trabalho da sua purificação. 20 O Espírito, em qualquer circunstância, é obrigado a preponderar sobre a matéria. Operando dessa maneira, o homem espiritualizará todas as suas células orgânicas, porque, se o objetivo da matéria é dar corpo e expressão às vibrações do Espírito, a função da alma é apurá-la, santificá-la. 21 Quando o homem compreender o alcance dessa realidade, as taras desaparecerão do planeta. Por enquanto, porém, os desígnios divinos se utilizam delas como de elementos úteis nas batalhas morais que a humanidade sustenta em favor do seu aperfeiçoamento. 22 A causa de todas as moléstias reside na alma. Mas, infelizmente, as criaturas humanas, vivendo apenas entre efeitos, que são coisas transitórias e efêmeras da existência planetária, não vão às fontes de origem escrutar a causa das dores que as afligem.

23 Para a enfermidade da alma, somente os remédios espirituais são aplicáveis. Por isso é que te ofereço as minhas pobres palavras. 24 Muito perde o homem com a sua impaciência. Em face da imortalidade, deveria ele encarar cada vida como um dia de trabalho. 25 Que tu saibas aproveitar o teu dia, purificando-te nos ideais e nos atos generosos, santificando-te em sabedoria e amor. 26 Aprende a viver em contato com todos quantos te rodeiam. A sociabilidade atenua os rigores da provação. 27 A doçura e a afabilidade nos proporcionam novos elementos vitais. 28 Insular-nos, em meio das fontes de vida que nos cercam, constitui grande mal. Deus nos criou para que nos amássemos intimamente uns aos outros.

29 És incompreendido, torturado, ridicularizado, às vezes? Sirva isso ao teu progresso moral. Adapta-te às formas de expressão dos que te não compreendem ainda e faze-lhes o bem que puderes.

30 Toda alma deve ser um foco atraente de virtudes. 31 O maior mérito de um Espírito reside nas boas ações que levou a efeito a prol dos outros. 32 No sacrifício está o segredo da ventura espiritual e 33 nos instantes amargos de ríspidas provas refugia-te no templo augusto das preces fervorosas e veementes. 34 Do Alto dimanarão radiosidades indefiníveis para o teu Espírito, que se sentirá reconfortado na jornada terrena. 35 Considera o objetivo do “Conhece-te a ti mesmo” e a tua mente, longe de ser atingida por vibrações de amargura, constituirá um refúgio luminoso de sagradas energias espirituais, onde outras almas buscarão conforto, coragem, luz e amor.


Emmanuel



Reformador — 16 de setembro de 1936.


[1] “Tomam a carne.” no livro impresso.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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