Pedro Leopoldo, 30.3.1925. n
Bondoso amigo Sr. M. Quintão,
Saudações, com os meus votos de paz.
Não sei se o amigo recebeu a minha última carta, mas mesmo sem saber se o estou aborrecendo, envio-lhe outra, acompanhada de duas produções mediúnicas recebidas por mim nesta semana. Peço-lhe sua opinião muito franca sobre elas, desejando que me escreva em breves dias. Há mais de um mês tive um sonho engraçado. Sonhei que uma pessoa me apresentou Humberto de Campos, num lugar de céu muito azul e brilhante, e no chão havia uma espécie de vegetações que não me deixava ver a Terra. Não vi casa alguma. O que me impressionou mais é que as pessoas que eu via estavam sob uma árvore muito grande e tão branca, que quando o sol batia nas suas frondes de folhas muito delgadas parecia uma grande árvore de cristal. Ele veio, então, ao meu lado e me estendeu a mão com bondade, dizendo: “Você é o menino do “Parnaso”?” Disse-me mais coisas das quais não posso me recordar. Que diz o amigo de tudo isso? Seria a minha imaginação? Não sei. Em todo caso, mando estas páginas para o senhor ler. Estão certas as citações? Sem mais, esperando carta sua, espera as suas desculpas o amigo e menor criado às ordens,
Francisco Cândido Xavier
Reformador — 1º de abril de 1935.
[1] A edição original tem grafado o ano de 1925, contudo o ano correto deve ser 1935.