1 Caros amigos é meu maior anelo que a paz do divino Mestre inunde os vossos corações de amor a todas as coisas que vos rodeiam.
2 Louvo a intenção com que procurais elementos que comprovem a nossa identidade de comunicantes do Além. A mim, porém, dispensai-me dessa tarefa. Não é que eu desconheça os benefícios que dessa medida advém para quantos aí se colocam na posição de observadores e analistas à cata de razões que os esclareçam no caminho da verdade. 3 Todavia, desejo ser como o humílimo operário, obscuro e anônimo, de todas as grandes obras do vosso planeta. Há motivos imperiosos para que eu proceda assim, visando a conservação da relativa paz de que desfruto na minha vida espiritual.
4 Todas as vossas cidades, todos os monumentos que motivam o orgulho dos povos foram erigidos pelas mãos singelas e rudes de artífices desconhecidos. A história universal está cheia de tiranos, de déspotas dominadores das almas, de perseguidores das coletividades e raras são as individualidades que nela se apresentam coroadas pela auréola de uma bondade e de uma justiça modelares. 5 Esses poucos Espíritos, que organizaram o conjunto das vossas leis morais, elaborando códigos acordes com o grau de aperfeiçoamento de cada época, são os servidores maiores do único Mestre — Jesus — que, pela sua infinita misericórdia, nos legou o seu Evangelho, transunto de todas as leis que impelem o homem ao cumprimento dos seus deveres sociais e divinos.
6 Nas suas palavras, tudo se contém. Todas as ciências e todas as ideias religiosas, todos os pensamentos de beleza moral e de arte perfeita estão nelas estereotipadas!... 7 Basta, para que tudo isso se vos desvende, que as saibais interpretar, descerrando os véus que cobrem tantas sínteses luminosas e verdadeiramente sublimes.
8 Deixai, pois, que eu seja o proletário anônimo de Jesus. A minha grande aspiração seria mostrar a todos os que acaso me ouçam que das lições excelsas do Evangelho nascem todas as concepções elevadas da evolução e do progresso humano. 9 Hei de fazê-lo dentro das minhas possibilidades fraquíssimas, demonstrando aos meus semelhantes que fora das caraterísticas evangélicas todas as ideias estão fora da lei.
10 Sabei, pois, interpretar o grande “tratado da perfeição”. Estais no recanto da Terra escolhido para a nobilíssima tarefa da sua propagação pelo exemplo e pela palavra.
11 Terra de Santa Cruz, sob as tuas estrelas resplandecentes ouve-se o hino melodioso dos trabalhadores dedicados que, em hostes poderosas, investem as trevas que tentam obscurecer o mundo. 12 Na tua atmosfera, sente-se o perfume das exortações divinas e sobre as tuas coletividades ressoam as lições da paz e da esperança! 13 Desdobra as tuas atividades sadias, vibra em uníssono com todos os batalhadores que te procuram e abriga em teu regaço generoso os infortunados e os infelizes! Sê-lhes a mãe compassiva e carinhosa; nutre-lhes as almas famintas e desditosas com o pão celeste do Evangelho que tens nas mãos. 14 Ouve o brado de alerta que reboa em todos os seus recantos: “Com o Evangelho e pelo Evangelho!” Fora daí, tudo é vaidade que arruína e avilta.
15 A luminosa figura de Ismael te abraça toda inteira, empunhando, desfraldado e tremulante, o estandarte bendito: Deus, Cristo e caridade!
Emmanuel
Reformador — 1º de fevereiro de 1935.