1 O poço retratava a roseira tristonha
E pensava consigo: “Ah! terríveis chavelhas!
Espinheiro infernal, quanta maldade espelhas!…
Lâminas e punhais, infortúnios e vergonha…”
2 A roseira, porém, como quem serve e sonha,
Expandiu-se e lançou lindas joias vermelhas,
Astro verde a luzir em formosas centelhas,
E o poço, a condenar, fez-se charco e peçonha!…
3 A cisterna infeliz, no desvão da chapada,
Apodreceu, por fim, preguiçosa e estagnada,
Mas a planta floriu ao sol do Grande Todo.
4 Alma, edifica e segue, abençoa e auxilia…
Mal que procura o bem faz-se bem, dia a dia,
Mal que fica no mal faz-se tóxico e lodo.
Antônio Félix
|