1 Dizem-te agora trêmula velhinha,
Pálida flor no instante derradeiro;
Buscaste, em vão, na Terra, um companheiro,
Mas nem por isso foste menos minha.
2 Sofreste sempre, sem chorar, sozinha,
Envolvi-te em meu sonho alvissareiro…
Quero-te as afeições do cativeiro
Que atravessas com garbos de rainha.
3 Beijo-te as mãos de cera, as cãs e as rugas,
Guardo comigo as lágrimas que enxugas,
Dou-te a esperança que me revigora…
4 Bendize o pranto e a sombra, alma querida,
Porque amanhã, mais jovens para a vida,
Subiremos mais juntos, céus afora!…
Tondela Júnior
|