1 Fugindo embora à paz de eternos dons divinos,
Sem furtar-se, porém, à luta que aprimora,
O homem é o semeador dos seus próprios destinos,
Ave triste da noite, esquivando-se à aurora…
2 Em derredor da Terra, estrelas cantam hinos,
Glorificando a luz onde a Verdade mora,
Mas no Plano da carne os impulsos tigrinos
Fazem a ostentação da miséria que chora!
3 Necessário vencer nos vórtices medonhos,
Santificar a dor, as lágrimas e os sonhos,
Do inferno atravessar o abismo ígneo e fundo.
4 Para ver a extensão da noite estranha e densa,
Que os servos da maldade e os filhos da descrença
Estenderam, sem Deus, sobre a fronte do mundo!…
Edmundo Xavier de Barros
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