1 Na mansão, Dona Branca, agitando as mãos finas,
Exclama: “Pobres, não!”… E, irônica, acentua:
— “Mendigo é na cadeia e miséria é na rua…”
E os pedintes se vão a férreas disciplinas.
2 Chora a penúria em torno e há festas libertinas,
Dorme-se à luz do sol e regala-se à lua…
Numa noite brilhante, a morte se insinua
E furta Dona Branca ao mar de serpentinas…
3 Desencarnada agora, a mente se lhe atrela
A miragens febris!… Crê-se adornada e bela,
Nada conserva além da sombra em que se touca…
4 E, mulher que fugira ao serviço fecundo,
Dona Branca, algemada às lembranças do mundo,
Baila na própria campa em frêmitos de louca.
Silva Ramos
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