1 Lembro-te, velha amiga, o cetro de rainha!…
Crias dominações por láureas prediletas…
Mandas!… No entanto, oh! Deus, daquilo que decretas
A penúria se expande e a lágrima caminha!…
2 Deixei-te, há longo tempo, entre as arcas repletas…
Hoje, quis reencontrar-te, oh! soberana, minha,
E achei-te reencarnada, anônima e sozinha,
Num catre de aflição, gemes, sonhas, vegetas…
3 Dos colares e anéis que te enfeitavam tanto,
Tens chagas por rubis e pérolas de pranto!…
E sofro ao ver-te a lepra em purpúreas verminas…
4 Mas louva, oh! soberana, a angústia transitória!…
Pela dor subirás ao reino de outra glória,
No teu coche real de açucenas divinas!…
Epiphanio Leite
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