1 Acompanho o velório de Nhô Tino…
Desencarnara em grande bebedeira;
Mas o povo dizia a noite inteira
Que comera manga com pepino.
2 De tarde, sigo o enterro, a reza, o sino…
Junto à cova falou Janjão Ferreira:
— “Nhô Tino está na glória verdadeira,
Foi um santo de Deus, desde menino…”
3 Alguém destampa o esquife… É a despedida…
Nhô Tino sai do corpo. Na corrida,
Gesticula, tropeça, xinga e passa…
4 Depois, sumiu dois anos mato afora…
Hoje, encontrei Nhô Tino, em Pirapora,
Agarrado num quinto de cachaça.
Cornélio Pires
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