1 Observa o que fazes no mundo enquanto perdura em teu favor o dia transitório da experiência, a fim de que não te prendas ao chão terrestre, tão logo se desdobre o manto cinzento da morte sobre os teus passos.
2 Além da vida física o Espírito recolhe, à maneira do lavrador, a seara justa de tudo quanto, entre os homens, lhe constituiu a sementeira de sentimentos e ideias, palavras e atos, resoluções e atitudes.
3 É por isso que, frequentemente, a morte física não expressa libertação.
4 Quase sempre, a criatura parte, ficando; despede-se dos que ama… permanecendo algemada a férreos laços dos interesses inferiores…
5 Por isso mesmo, é comum anotarmos aqui o onzenário agarrado a cofres repletos que não mais consegue mobilizar; o tirano ruralista prisioneiro da gleba que não mais lhe aceita o domínio; e o viciado no cárcere das sensações aviltantes, das quais faz no mundo a sua razão de ser…
6 Cegos, jornadeiam ao longo da noite em que se comprazem…
7 Loucos, perambulam, alucinados, guardando os pesadelos e as miragens que lhes flagelam a mente em sombra…
8 Vive oferecendo ao caminho o melhor de ti mesmo, plantando a bondade e a compreensão, o entendimento e o serviço na alma dos semelhantes, na certeza de que, no caminho ilimitado da vida, o sepulcro não é senão a passagem de acesso a novos degraus de trabalho e de luta, além dos quais recolheremos as flores do reconhecimento ou os golpes da incompreensão, os frutos do amor ou os espinhos do ódio, a bênção da fraternidade ou o frio da indiferença, segundo a lei que nos confere os resultados do tempo de conformidade com as nossas próprias obras.
Emmanuel