O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Pai nosso — Meimei


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Seja feita a tua vontade, assim na Terra como no Céu

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1. Na construção de uma casa sólida e confortável, há sempre um plano do arquiteto para ser obedecido.

Os operários precisam consultar as linhas demarcadas para não irem além de suas funções e a fim de não cometerem impropriedades que prejudicariam a obra.

O carpinteiro não deverá perturbar o pintor e o pintor deverá respeitar o vidraceiro.

Assim também, nos serviços de elevação espiritual do homem e do mundo, é necessário procurarmos a Vontade do Senhor para que os Desígnios Divinos sejam devidamente executados.

Sabemos que o bem para todos é o projeto da Eterna Sabedoria para as criaturas e, por isso mesmo, se nos prezamos da condição de trabalhadores educados para a justa prestação de serviço, é indispensável saibamos realizar a nossa parte, na concretização do projeto divino, sem perturbar os nossos irmãos.

Estejamos convictos de que se cada um de nós cumprir a obrigação que lhe compete, no plano do Eterno Bem, oferecendo a cada dia o melhor que pudermos; estaremos indiscutivelmente atendendo às determinações do Nosso Pai Celestial.




2. O serviço da perfeição

Um velho oleiro, muito dedicado ao trabalho, certa feita adoeceu gravemente e entrou a passar enormes dificuldades.

Os parentes, aos quais ele mais servira, moravam em regiões distantes e pareciam haver perdido a memória…

Sem ninguém que o auxiliasse, passou a viver da caridade pública, mas, quando esmolava, caiu na via pública e quebrou uma das pernas, sendo obrigado a recolher-se à cama, por longo tempo.

Chorando, amargurado, fez uma prece e rogou a Deus alguma consolação para os seus males.

Então, dormiu e sonhou que um anjo lhe apareceu, trazendo a resposta pedida.

O mensageiro do Céu conduziu-o até o antigo forno em que trabalhava, e, mostrando-lhe alguns formosos vasos de sua produção, perguntou:

— Como é que você conseguiu realizar trabalhos assim tão perfeitos?

O oleiro, orgulhoso de sua obra, informou:

— Usando o fogo com muito cuidado e com muito carinho, no serviço da perfeição. Alguns vasos voltaram ao calor intenso duas ou três vezes.

— E sem fogo você realizaria a sua tarefa? — Indagou, ainda, o emissário.

— Nunca! — Respondeu o velho, certo do que afirmava.

— Assim também, — esclareceu o anjo, bondoso, — o sofrimento e a luta são as chamas invisíveis que Nosso Pai Celestial criou para o embelezamento de nossas almas que, um dia, serão vasos sublimes e perfeitos para o serviço do Céu.

Nesse instante, o doente acordou, compreendeu a Vontade Divina e rendeu graças a Deus.




3. O pequeno aborrecimento

Um moço de boas maneiras, incapaz de ofender os que lhe buscavam o concurso amigo, sempre meditava na Vontade de Deus, disposto a cumpri-la.

Certa vez, muito preocupado com o horário, aproximou-se de um pequeno ônibus, com a intenção de aproveitá-lo para a travessia de extenso trecho da cidade em que morava, mas, no momento exato em que ia fazê-lo, surgiu-lhe à frente um vizinho, que lhe prendeu a atenção para longa conversa.

O rapaz consultava o relógio, de segundo a segundo, deixando perceber a pressa que o levava a movimentar-se rápido, mas o amigo, segurando-lhe o braço, parecia desvelar-se em transmitir-lhe todas as minudências de um caso absolutamente sem importância.

Contrafeito com a insistência da conversação aborrecida e inútil, o jovem escutava o companheiro, por espírito de gentileza, quando o veículo largou sem ele.

Daí a alguns minutos, porém, correu inquietante notícia.

A máquina estava sendo guiada por um condutor embriagado e precipitara-se num despenhadeiro, espatifando-se.

Ouvindo com paciência uma palestra incômoda, o moço fora salvo de triste desastre.

O jovem refletiu sobre a ocorrência e chegou à conclusão de que, muitas vezes, a Vontade Divina se manifesta, em nosso favor, nas pequenas contrariedades do caminho, ajudando-nos a cumprir nossos mais simples deveres, e passou a considerar, com mais respeito e atenção, as circunstâncias inesperadas que nos surgem à frente, na esfera dos nossos deveres de cada dia.




4. A alegria no dever

Quando Jesus estava entre nós, recebeu certo dia a visita do apóstolo João, muito jovem ainda, que lhe disse estar incumbido, por seu pai Zebedeu, de fazer uma viagem a povoado próximo.

Era, porém, um dia de passeio ao monte e o moço achava-se muito triste.

O Divino Amigo, contudo, exortou-o a cumprir o dever.

Seu pai precisava do serviço e não seria justo prejudicá-lo.

João ouviu o conselho e não vacilou.

O serviço exigiu-lhe quatro dias, mas foi realizado com êxito.

Os interesses do lar foram beneficiados, mas Zebedeu, o honesto e operoso ancião, afligiu-se muito porque o rapaz regressara de semblante contrafeito.

O Mestre notou-lhe o semblante sombrio e, convidando-o a entendimento particular, observou:

— João, cumpriste o prometido?

— Sim, — respondeu o apóstolo.

— Atendeste à Vontade de Deus, auxiliando teu pai?

— Sim, — tornou o jovem, visivelmente contrariado, — acredito haver efetuado todas as minhas obrigações.

Jesus, entretanto, acentuou, sorrindo calmo:

— Então, ainda falta um dever a cumprir — o dever de permaneceres alegre por haveres correspondido à confiança do Céu.

O companheiro da Boa Nova meditou sobre a lição e fez-se contente.

A tranquilidade voltou ao coração e à fisionomia do velho Zebedeu e João compreendeu que, no cumprimento dá Vontade de Deus, não podemos e nem devemos entristecer ninguém.




5. Reflexões

Podemos discernir a Vontade de Deus, em todas as situações:


  No sofrimento, é a Paciência.

  Na perturbação, é a Serenidade.

  Diante da maldade, é o Bem que auxilia sempre.

  Perante as sombras, é a Luz.

  No trabalho, é o devotamento ao Dever.

  Na amargura, é a Esperança.

  No erro, é a Corrigenda.

  Na queda, é o Reerguimento.

  Na luta, é o Valor Moral.

  Na tentação, é a Resistência.

  Junto à discórdia, é a Harmonia.

  À frente do ódio, é o Amor.

  No ruído da maledicência, é o Silêncio.

  Na ofensa, é o Perdão Completo.

  Na vida comum, é a Bondade em favor de todos.




  6. Quem ajuda sem cessar,

  Cada hora, todo o dia,

  Está cumprindo a Vontade

  Da Eterna Sabedoria.


Meimei


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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