1 Reale Jr. — Houve alguma coisa entre o senhor e José Arigó? Eu pergunto porque neste programa o senhor afirmou que conviveu com Zé Arìgó de 54 a 56 e que, depois dessa data, se afastou dele e não tem mais condições para ajuizar suas qualidades mediúnicas. O que o afastou de Arigó? Apenas os quilômetros entre Congonhas do Campo e Uberaba?
Chico Xavier — Justamente a distância. Porque vindo para Uberaba, abraçamos uma tarefa em que o tempo se tornou para nós cada vez mais estreito, conquanto quiséssemos visitar pessoalmente José Arigó e contanto o admirássemos muito, não foi mais possível dispor de tempo para uma visita, para uma troca de presença pessoal. Só a distância.
2 Saulo Gomes — Como nossa oportunidade é rara, eu fujo até de uma sequência lógica de perguntas, para deixar aos milhares de telespectadores uma palavra sobre um assunto muito profundo. Em recentes experiências todos nós ouvimos falar de que cientistas pretendem iniciar um processo gerando uma criança num tubo de ensaio. Qual seria o destino da humanidade, dentro da sua experiência no campo espiritual para os seres humanos que um dia a Ciência, num tubo de ensaio, viesse colocar no nosso meio. Qual seria a forma interior dessa gente?
Chico Xavier — Há tempos quando comparecemos num programa de televisão aqui mesmo em São Paulo, foi aventada essa questão do tubo de ensaio. E com a assistência do Espírito de Emmanuel, declaramos que o poder da Ciência é infinito, porque a Ciência está credenciada pela misericórdia, pela sabedoria de Deus para entrar em relação com todos os setores do progresso humano. Então nós não podíamos duvidar de que a Ciência chegaria a esta realização. Mas indagamos quanto ao amor de que a criança necessitaria ou necessitará, vamos dizer, qualquer um de nós, para renascermos no tubo de ensaio. Por exemplo: Nós teremos o tubo de ensaio e teremos todo o equipamento de recursos para que o nosso corpo seja tão sadio, tão robusto quanto possível. E o amor, o amor dos pais, o amor da família? Perguntávamos de nós. Mas os espíritos amigos em entendimento conosco nos últimos tempos, afirmam que esse assunto está sendo cogitado no mundo espiritual com muito interesse. A nossa querida Hele Alves se referiu ao trabalho sacrificial da mulher em relação ao trabalho mais livre do homem em todos os séculos que precedem à nossa civilização, ela tem razão, porque a mulher tem sido sempre muitíssimo sacrificada. Mas, é possível, não vamos dizer isso como profecia dentro de ciências exatas, mas vamos estudar isso como um problema de solução provável.
É possível que a Divina Providência esteja mesmo promovendo a confecção do tubo de ensaio na Terra, para que a reencarnação possa se realizar sem tantos sacrifícios da mulher. É possível que a mulher esteja se aproximando de uma época em que ela também será exonerada da carga de sacrifícios que a maternidade impõe, conquanto nós estejamos convencidos de que a maioria de milhões de mulheres de todo o planeta se sinta imensamente feliz com a maternidade. Mas é possível que o tubo de ensaio para que o homem e a mulher não fiquem na Terra diante de Deus como criaturas em delito permanente — vamos dizer — perdoem-me estas palavras “assassinando crianças”. Nós sabemos que nações de vanguarda estão legalizando o aborto, não vamos declarar nomes, isso seria injuriar povos que nós amamos e respeitamos muito. Mas é possível que o tubo de ensaio venha mais tarde como uma complementação para que os filhos de Deus que venham nascer na Terra, todos eles dignos do nosso maior respeito e do nosso máximo carinho, sejam então recebidos por pais e mães responsáveis, que possam realmente amá-los, que possam pedir o nascimento desses filhos a governos magnânimos, que ajudem a questão demográfica, governos que possam realizar estatísticas adequadas e aceitar novos filhos entre os seus tutelados, permitindo que esses pais responsáveis possam receber os filhos de Deus, que somos nós todos. Nesse sentido digo de coração, pessoalmente, falo isso porque os Espíritos mantém essa opinião em entendimentos conosco. Agora, pessoalmente, digo, que se minha mãe, em seu infinito amor, em sua fé religiosa tivesse tido medo de mim, eu não sei onde é que eu estaria.
Francisco C. Xavier
Emmanuel