O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Pontos e contos — Irmão X


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No Portal de Luz

1 À frente do anjo amigo, que mantinha amorosa vigilância no Portal de Luz, entre a Terra e o Céu, o crente recém-vindo da luta humana rogou passagem, pronunciando formosas palavras em nome de Deus…

2 O representante da Divindade; porém, depois de fitar-lhe os braços com demorada atenção, inquiriu:

— Que traz?

3 O candidato ao ingresso no Paraíso comentou, espantadiço:

— Sempre respeitei o Senhor e adorei-o nas casas que o mundo consagra à Majestade Divina; 4 reconheci a grandeza do Evangelho, aceitando-o por sublime código de salvação da Humanidade, interpretando os grandes filósofos e pensadores do passado por embaixadores d’Ele em favor do aperfeiçoamento gradual de nossa inteligência; 5 guardei a fé em todos os acontecimentos da vida; nunca me esqueci da reverência que os mortais devem ao Céu; 6 ouvi com acatamento as elucidações de todos os pregadores da Verdade, arquivando-lhes o bom conselho; 7 jamais perdi a esperança na Justiça Perfeita que rege o Universo; 8 cada manhã, tanto quanto cada noite, cultivei a prece sentida e pura, pedindo a assistência do Alto; 9 prestei sincero culto aos livros sacros, meditando-lhes os textos iluminativos; 10 fugi, quanto pude, à presença dos ingratos e dos maus; abominei a companhia dos pecadores; 11 censurei os criminosos, por espírito de defesa leal do bem; 12 não combati as religiões, por reconhecer a feição sublime de cada uma; 13 procurei guardar uma consciência sem mancha; 14 evitava o contato com qualquer lugar onde subsistisse o pecado; 15 temi os desvairamentos da carne e afastei-me de todas as pessoas que poderiam induzir-me à tentação para a vida impura; 16 acreditei que a retidão deve orientar todos os negócios; sabendo que a paciência é tesouro sagrado, nunca me abeirei de problemas intrincados, para não perdê-la; 17 convencido de que a paz é um dom celeste, colocava-me a distância de todas as pessoas irritadiças ou encolerizáveis, de modo a manter-me em segurança espiritual, e, ao fim dos meus dias terrestres, fiz de meu aposento e de meu lar o remanso confortador, em deliberada fuga dos homens e dos problemas, a fim de aguardar a morte com a pureza possível…

18 E fixando no funcionário celeste os olhos suplicantes, acentuou:

— Tudo fiz para não ofender o Senhor…

19 O anjo sorriu, complacente, e objetou, com expressão fraterna:

— Meu amigo, suas afirmativas demonstram-lhe o fino trato espiritual. A cultura, a crença e a vigilância proporcionam brilho invulgar à sua individualidade subjetiva; entretanto, suas mãos permanecem apagadas. A passagem aqui, porém, está condicionada à irradiação da luz que cada Espírito possui, em maior ou menor grau, dentro de si mesmo.

20 E afagando o inteligente aspirante, concluiu, bondoso:

— Com tanta luz interior no cérebro, que fez em sua passagem no mundo?

Foi então que o crente, tão loquaz na exposição dos próprios méritos, baixou a cabeça, entrou em silêncio e começou a pensar.


Irmão X

(Humberto de Campos)

Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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