O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Ponto de encontro — Jair Presente


15

Traíras

1 É uma estória de ficção,
Que atiro hoje no ar,
Um simples caso de peixes
E uma lição de pensar.


2 Traíra bastante idosa
Nadava forte e serena,
Fazendo-se acompanhar
Por uma filha pequena.


3 A mãe-traíra dissera
Para a traíra-menina:
— “Filha, é preciso aprender
As lições que a vida ensina.


4 Hoje, vamos rio abaixo,
Evite lixo e barrela,
Siga sempre junto a mim,
No máximo de cautela.”


5 Depois, falou das lembranças
De queridas companheiras,
De excursões em dias claros,
De flores e cachoeiras.


6 O passeio ia tranquilo
E eis que a dupla se apoquenta,
Vendo um pedaço vermelho
De carne sanguinolenta.


7 A traíra mais idosa
Mostrou-se muito assustada,
Pedindo, porém, à filha
Que ficasse acomodada.


8 Em seguida, lhe falou:
— “Ouça, calma e fique arisca!…
A carne que estamos vendo
Tem nome: chama-se isca.


9 “Dentro dela, existe um chuço
Que tem o nome de anzol.
Um punhal curvo e cruel
Que se vê, à luz do sol.


10 “Atrás dele fica um homem
Que o governa com mão forte,
Espalhando em nossas águas
Terríveis quadros da morte.


11 “Já vi muitos companheiros
Pelo anzol, sendo arrancados
E há quem diga que depois
São eles estraçalhados.


12 “Agora, fuja, filhinha,
Cheiro de carne extravasa…
Seja traíra correta,
Vivendo dentro de casa.”


13 Em seguida, foi à isca…
Disse à filha: “Saiba disto:
Esta carne em sangue é linda!…
Sou traíra e não resisto.”


14 Passou a comer a isca,
Bocada para bocada,
Mas quando caiu no anzol
Logo, logo, foi pescada.


15 A filha voltou a sós,
A recordar mãe-traíra,
Pensando no que escutara
E meditando o que vira.


Jair Presente


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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