1 Nosso irmão Silva Teixeira
Pediu-nos fraternalmente
Dar-lhe atenção e assistência
Na viagem que faria
Em visita ao pai doente.
2 Não vacilamos no assunto,
Fui ao nosso diretor
— “Algum apoio ao amigo?
Vai, sim!… — nos disse o mentor.”
3 Encontrei-me com Teixeira
Junto à esposa Dona Alcina,
Num ônibus que largava,
Vencendo a chuva mofina.
4 A máquina em movimento
Formava rajadas frias…
A viagem do casal
Seria apenas dois dias.
5 Às onze da noite em ponto,
Com biscoitos a granel,
A dupla desceu, entrando
Em velho e pequeno hotel.
6 A luz se fez no aposento
Que lhes fora reservado…
Acomodaram-se os dois,
Deitando-se, lado a lado.
7 Instantes depois, um grito
Ressoava estranho e feio…
Dona Alcina retirara
Uma barata do seio.
8 Teixeira não descansou,
Pois a esposa reclamava,
Xingando a roupa do hotel,
Em pranto se lastimava.
9 No outro dia, Teixeira
Observou, tristemente,
A morte rondando a casa
Na face do pai doente.
10 À noite, foi novo trampo; n
Dona Alcina, num berreiro,
Clamava que muitas pulgas
Mordiam-lhe o corpo inteiro…
11 Gritava, humilhando o esposo:
— “Não tens o berço que julgas,
Esta casa em que nasceste
É um pardieiro de pulgas…”
12 Manhã seguinte, o irmão Silva
Encomendou condução,
Voltariam para a casa,
Sem qualquer baldeação.
13 Chegaram ao lar, à noite;
Dona Alcina, muito ativa,
Falava: — “Agora estou salva!
Agora, sim, estou viva…
14 “Nem pulgas e nem baratas,
Quero somente o que é meu,
Bendita seja esta casa,
A casa que Deus me deu…
15 “Meu sogro? que Deus o cure,
Não tomarei nova estrada,
Desejo a paz do meu canto…
Tranquilidade e mais nada.”
16 Mas passadas duas horas,
A pobre rolou no chão,
Seguindo para o hospital,
Picada de escorpião!…
Jair Presente
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