1 Comerciante abastado,
Era Sizino Vicente,
Cidadão morigerado
E filho de boa gente.
2 A esposa, Dona Zenite,
Já lhe dera dois petizes;
Os quatro eram quatro amores
Sempre unidos e felizes.
3 Era Sizino homem sério
Mas vivia de “olho vivo”;
No entanto, era um companheiro,
Moralista e prestativo.
4 Andando em compras e vendas,
Em tudo fazia o bem,
Mas segundo matrimônio
Não suportava em ninguém.
5 Se algum amigo viúvo
Buscasse o novo regalo
De um segundo casamento,
Eis Sizino a espinafrá-lo:
6 — “Em problemas de família,
Comigo não tem “talvez”,
Não tolero homem viúvo
A se casar, outra vez.
7 “Homem de nova união,
A meu ver, nunca se apruma,
Há mulheres e mulheres,
Mulher-esposa é só uma…
8 “Nesta matéria da vida,
Nunca achei quem me conteste;
De segundo matrimônio
Não surge cousa que preste.”
9 No entanto, após algum tempo,
A esposa dona Zenite,
Morreu quase, de repente,
Num caso de meningite.
10 Novo tempo de trabalho
Começou para Vicente;
Estrada rude e espinhosa
De uma vida diferente.
11 Era o negócio a zelar,
Era a panela a ferver,
Meninos choramingando,
Gente gritando a valer;
12 Os erros de toda hora
De uma empregada recruta,
Vicente vivia tonto,
Cansado de tanta luta.
13 Certo dia, olhou a casa
De uma senhora vizinha,
Cuja filha, bela jovem,
Tinha o nome de Quinquinha…
14 Vicente não vacilou
Na decisão de um momento,
Foi falar à linda moça
E pedi-la em casamento.
15 Após o ajuste bem feito,
Notando-lhe o novo passo,
Velho amigo veio vê-lo
A fim de dar-lhe um abraço.
16 O amigo disse: “Vicente,
Você mudou, desde quando?”
Ele apenas respondeu:
— “Eu, agora, só casando…”
Jair Presente
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