1 O Centro da Caridade
Prosseguia eficiente.
Muito serviço prestado,
Atraindo muita gente.
2 A médium da direção
Era Emília Sabugosa;
Trabalhava com prazer,
Missionária generosa.
3 Fosse qual fosse o problema
De doutrina ou de família,
Na hora do justo acerto,
Chamava-se Dona Emília.
4 Certa noite, veio a médium,
Discretamente a chorar…
Todo o grupo fez silêncio,
Respeitando-lhe o pesar.
5 Em afastado recanto,
Amiga atenta lhe fala,
Era Dona Conceição,
Procurando confortá-la.
6 — “Emília, que tem você?”
Pergunta-lhe Conceição;
Em pranto, responde a médium:
— “Não sei viver sem Janjão!…”
7 Conceição nada mais disse.
Chocada, tomou assento;
O esposo de Dona Emília
Chamava-se Antônio Bento.
8 Quem era aquele Janjão?
Algum amante escondido?
Aquele choro da médium
Não encontrava sentido…
9 Começou a fofocagem…
Conceição falou com Joana,
Joana falou com Jandira,
Jandira com Tatiana.
10 Tatiana, impressionada,
Transmitiu tudo ao marido
E o marido, em confidência,
Falou da ocorrência a muitos,
Mostrando-se confundido…
11 O assunto estendeu-se longe,
O clima fez-se de brasa,
Quase todos os amigos
Abandonaram a casa.
12 Com ofício ou sem ofício,
Exigiram demissão,
Retirou-se, compungida,
Até Dona Conceição.
13 No Centro da Caridade,
Sempre cheio e luzidio,
Pregava-se, agora, às moscas,
No salão triste e vazio…
14 Inteirando-se do caso,
O senhor Antônio Bento,
Convidou muitos amigos,
A fim de falar a todos
Do estranho acontecimento.
15 Noite marcada, vieram
Adolescentes e adultos,
Muitas jovens enfeitadas,
Senhoras e amigos cultos.
16 No momento do discurso
Para a justa explicação,
A médium desapontada
Ergueu-se e mostrou Janjão;
17 Era um cachorro doente,
Seu fila de estimação.
Jair Presente
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