I
1 Na alcova desguarnecida,
Sobre uma enxerga, a doente
Soluça como quem sente
O fim nevoento da vida.
2 Beija-lhe a filha inocente,
Minúscula, embevecida,
Mirando-a enternecida,
Dizendo-lhe docemente: —
3 «Não chores mais mamãezinha:
Vou dar minha bonequinha
À santa lá do altar;
4 E com esta minha promessa,
Ela há-de vir bem depressa
Para a senhora sarar.»
II
1 O mendigo desprezado
Olha as estrelas e chora,
Pois sente que se enamora
Do firmamento estrelado.
2 Ao seu Jesus bem-amado,
Cheio de lágrimas, ora,
E pede, suplica, implora
Perdão para o seu pecado.
3 Veem-se raios formosos.
Dimanando luminosos,
Do clarão da sua fé;
4 E lá dos Céus abençoa
Sua alma singela e boa,
O Jesus que ele não vê.
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