1 Tristemente, Jesus fitando os céus, em prece,
Vê descer da amplidão o Arcanjo da Agonia,
Cuja mão luminosa e terna lhe trazia
O cálix do amargor, duríssimo e refece.
2 — «Se puderdes, meu Pai, afastai-o!…» — dizia,
Mas eis que todo o Azul celígeno estremece;
E do céu se desprende uma doirada messe
De bênçãos aurorais, de Paz e de Alegria.
3 Paira em todo o recanto a vibração sonora
Do Amor e o Mestre já na sede que o devora,
De imolar-se por fim nas aras desse Amor,
4 Sente a Mão Paternal que o guia na amargura,
E sublime na fé mais vívida, murmura:
— «Que se cumpra no mundo o arbítrio do Senhor!…»
Olavo Bilac
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