1 Quanta ilusão
No coração
Cheio do alvor
Da mocidade!
E quanta dor
Quanta saudade,
No pobre velho
Clarão vermelho
Do fim do dia;
Quanta alegria
No alvorecer
Da feliz vida,
Fase querida
Da existência,
A adolescência
É como a luz
Que nos conduz
Pelo caminho
Todo em bonança
Cheio de arminho
D’alva esperança!
2 Ó Mocidade,
Felicidade,
Flor em botão,
Teu coração
É como a estrela
Fulgente e bela
Sempre a brilhar
No firmamento
Da pobre Terra!
No sofrimento,
Sobre a alegria
E sobre a dor
És sempre o dia
Cheio de ardor.
Na vida inteira
Sempre serás
A companheira
Da luz, da paz.
3 Mas na velhice
Antes não visse
A grande dor
Dos muitos anos,
Fanada flor
Dos desenganos;
Triste velhinho,
Calmo e sozinho,
No pensamento
Amargurado
Traz estampado
O desalento,
Pobre velhice,
Flor de meiguice,
Resignada,
Desiludida,
Folha nevada,
Do fim da vida,
Os teus cabelos
Brancos e belos
São a pura neve
Suave e leve
Que é da pureza
Que te coroa
A alma boa.
4 Arv’re despida
Das suas flores
Na tua vida
Possuis amores
Mas dos mais santos,
Pois com teus prantos
Regas o amor
Que dás a teu filho
E ao neto dás,
Amor de luzes,
Consolo e paz.
5 Tu Mocidade,
Que és a flor,
E és a manhã
Ama a velhice
Que é tua irmã.
6 Porque também
A vida é sempre
A mocidade
Linda e radiosa,
E a Morte é a senda
Para outra vida
Esplendorosa!
João de Deus
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