1 Eis o que o túmulo ensôfrego inda encerra
Dos teus restos humanos, solitários,
Muitos milhões de seres entozoários,
Na substância ossífraga da terra.
2 Ei-los. Hoste aguerrida que se aferra
Com lascívia aos teus órgãos multifários,
Na avidez de necrófagos desvarios,
À tua carne declarando guerra.
3 Que é dos gozos eróticos, insanos,
Sob o esforço dos nervos sobre-humanos,
Que fúrias no corpo nauseabundo?
4 No deserto de tudo uma alma resta,
Chorando ao lado da infanda festa
A carne podre que ficou no mundo.
Augusto dos Anjos
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