1 Doce figura de velhinha,
Que reza a Deus pelos seus netos.
Oh! que puríssimos afetos,
São os afetos da avozinha!
2 Dentro em sua alma não existe,
O ardor do sol da mocidade,
Ali há luz da suavidade,
De suavidade meiga e triste.
3 Nos lindos contos pequeninos,
Que nos relata devagar,
Como parece então amar
A pulcritude dos meninos.
4 São as histórias de beleza
Dos pobrezinhos no Natal,
São as do bem, vencendo o mal,
Do rei, do príncipe e a princeza;
5 As dos castelos fulgurantes,
Cheios de fadas encantadas,
Que adormeciam nas estradas
Os descuidados passeantes;
6 As do gênio dos carinhos,
Que Deus mandava aos desditosos,
Que então vestia os andrajosos,
E dava pão aos órfãozinhos;
7 As do enjeitado sofredor,
Que não possuía o amor materno
E que um anjinho muito terno,
Levara ao Céu com todo amor.
8 Ah! avozinha o tempo voa,
Mas tua angélica figura,
Fica em nossa alma sempre pura
Doce velhinha que abençoa!
Francisco Xavier
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