1 Ó sino que plangeia nas tardes voluptuosas,
Acordando em meu peito amargas sensações!
Sois o mesmo cantor de estrofes vaporosas
Nas manhãs festivas de rutilos clarões!
2 Bem sabeis transmitir alegrias pomposas
E tristezas sem par, derramando aflições.
Numa tarde outonal, esfolhando-se as rosas
Entre mistos de dor de febris orações!
3 Mas, ó sino cantor, eu vos amo mais ainda,
Numa tarde a morrer evocativa e linda,
Numa tarde de flor, num poente tristonho;
4 Porque na vossa voz entristecida e incerta,
Lembrais uma alma triste, igual a mim, deserta,
Desiludida enfim dos êxtases de um sonho!
Francisco Xavier
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