O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Os mensageiros — André Luiz


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A caminho da crosta

(Sumário)

1. Após nos refazermos pela manhã, considerando a viagem ainda longa, despedimo-nos, comovidos. Pelo menos, quanto a mim, podia afirmar que me afastava com mágoa, tão belas as lições ali colhidas!

2 Alfredo e a esposa nos abraçaram, sensibilizados, desejando-nos jornada feliz e êxito no trabalho.

Vários amigos da véspera estavam presentes, saudando-nos jubilosos.

3 Tomamos o carro, agradavelmente surpreendidos.

Ser-me-ia muito difícil descrever a pequena máquina, que mais se assemelhava a pequeno automóvel de asas, a deslocar-se impulsionado por fluidos elétricos acumulados. n

4 Sempre generoso, Aniceto explicou:

— Aceitei a cooperação do aparelho, não porque os desejo escravizados ao menor esforço, mas porque a permanência, embora ligeira, no Posto de Socorro, constituiu ensejo dos mais frutuosos à aquisição de conhecimentos necessários.  5 Receberam vocês lições intensivas, relativamente aos nossos irmãos perturbados e sofredores, bem como sobre os efeitos da prece. Desse modo, temos nosso expediente bastante adiantado, considerando que se encontram ambos em tarefa de observação e aprendizado, acima de tudo.

6 E, depois de pequena pausa, continuou:

— Não creiam, todavia, que possamos aproveitar a máquina até a Crosta. Calculo que só poderemos voar até o meio-dia. Em seguida, prosseguiremos a pé.

7 Aniceto calou-se por instantes, sorriu noutra expressão fisionômica e acentuou:

— Isto, porém, acontecerá somente enquanto não hajam vocês criado asas espirituais, que possam vencer todas as resistências vibratórias. 8 Semelhante realização pode não estar distante. Dependerá do esforço que desejarem despender no trabalho aquisitivo. Todo aquele que opere, e coopere de espírito voltado para Deus, poderá aguardar sempre o melhor. Não é promessa de amizade. É lei.

9 O pequeno aparelho nos conduziu por enormes distâncias, sempre no ar, mas conservando-se a reduzida altura do solo.

10 Quase precisamente ao meio-dia, estacionamos em humilde pouso, destinado a abastecimento e reparação de maquinaria de natureza daquela em que havíamos viajado.

Despediu-se de nós o condutor, que nos desejou boa viagem, preparando-se para regressar.


2. A paisagem tornou-se, então, muito fria e diferente. Não estávamos em caminho trevoso, mas muito escuro e nevoento. Tornara-se densa a atmosfera, alterando-nos a respiração.

2 Aniceto contemplou, conosco, a vastidão caliginosa e falou em tom grave:

— Com quatro horas de locomoção, estaremos na Crosta. 3 Reparem as sombras que nos rodeiam, identifiquem a mudança geral. Infelizmente, as emissões vibratórias da Humanidade encarnada são de natureza bastante inferior, em nos referindo à maioria das criaturas terrestres, e estas regiões estão repletas de resíduos escuros, de matéria mental dos encarnados e desencarnados de baixa condição. 4 Atravessaremos grandes zonas, não propriamente tenebrosas, mas muito obscuras ao nosso olhar. Daqui a duas horas, porém, encontraremos sinais da luz solar.

5 Nossa peregrinação, francamente, foi muito pesada e dolorosa, e, somente aí, avaliei, de fato, a enorme diferença da estrada comum, que liga a Crosta a “Nosso Lar” e aquela que agora percorríamos a pé, vencendo obstáculos de vulto.  6 Imaginei, comovido, o sacrifício dos grandes missionários espirituais que assistem o homem, compreendendo, então, quão meritório lhes é o serviço e como necessitam disposições especiais e formidável bom ânimo, para auxiliarem as criaturas encarnadas, de maneira constante.

7 Os monstros, que fugiam à nossa aproximação, escondendo-se no fundo sombrio da paisagem, eram indescritíveis e, obedecendo a determinações de Aniceto, não posso ensaiar qualquer informe nesse sentido, a fim de não criar imagens mentais de ordem inferior no espírito dos que, acaso, venham a ler estas humildes notícias.


3. No horário previsto por nosso orientador, começamos a vislumbrar, de novo, a luz do Sol, como se estivéssemos em madrugada clara. O espetáculo era magnífico e novo para mim. Calor brando começou a revigorar-nos.

2 Aniceto fixou o quadro maravilhoso dos raios de luz atravessando as sombras e falou, de olhos úmidos:

— Agradeçamos ao Senhor dos Mundos a bênção do Sol! Na Natureza física, é a mais alta imagem de Deus que conhecemos. 3 Temo-lo, nas mais variadas combinações, segundo a substância das Esferas que habitamos, dentro do sistema. 4 Ele está em “Nosso Lar”, de acordo com os elementos básicos de vida, e permanece na Terra segundo as qualidades magnéticas da Crosta. 5 É visto em Júpiter de maneira diferente. Ilumina Vênus com outra modalidade de luz. Aparece em Saturno noutra roupagem brilhante. Entretanto, é sempre o mesmo, sempre a radiosa sede de nossas energias vitais!


4. Avançamos, comovidos, e, daí a algum tempo, surgiu-nos o astro sublime, na posição que antecede o crepúsculo.

2 Doutras vezes, viajando sempre através da estrada luminosa e fácil de ser percorrida, em vista das possibilidades de volitação, não fizera maior reparo. Agora, porém, que atravessara névoas compactas, anotava diferenças profundas.

3 A certa distância, surgia a Terra, não na forma esférica, porque nos achávamos não longe da Crosta, mas como paisagem além, a interpenetrar-se nas extensas regiões espirituais.

O Sol resplandecia, rumo ao Poente, como enorme lâmpada de ouro.

4 Aniceto, que parecia alegrar-se sobremaneira, exclamou:

— Entramos na zona de influenciação direta da Crosta. Poderemos, doravante, praticar a volitação, utilizando nossos conhecimentos de transformação da força centrípeta. 5 A luz que nos banha resulta do contato magnético entre a energia positiva do Sol e a força negativa da massa planetária. Prossigamos. Não tardaremos a entrar no Rio de Janeiro.


5. A essa altura, assaltou-me o desejo de perguntar alguma coisa relativamente à direção.

— Como nos orientaremos? — Indaguei, curioso.

2 — Antes de tudo, — respondeu o instrutor, — é preciso não esquecer que nossas colônias estão situadas no campo magnético da América do Sul. Qualquer bússola seria sensível, de agora em diante, mas, em nosso caso, é indispensável educar o pensamento e orientar-nos dentro da energia que lhe é peculiar.

3 Empregamos, de novo, a capacidade volitiva e, dentro em pouco, as matas de Petrópolis estavam à vista. Mais alguns minutos e perlustrávamos as grandes artérias cariocas. Por sugestão do instrutor, abeiramo-nos do mar, em exercício respiratório de maior expressão.

4 Vicente e eu estávamos positivamente exaustos. Reconhecíamos que o esforço fora significativo para nossas escassas forças.

5 Indiferentes à nossa presença, os transeuntes passavam apressados, de mente chumbada aos problemas de ordem material. Fonfonavam ônibus repletos. A grande baía figurava-se-nos cheia de forças renovadoras.

6 Quando se acendiam as primeiras luzes elétricas, Aniceto convidou-nos, generosamente:

— Vamos ao reconforto! Vocês estão fatigadíssimos. Irei mostrar-lhes que “Nosso Lar” tem, igualmente, alguns refúgios na Crosta.


André Luiz



[1] [Vide: Algumas referências ao uso de itens materiais no Mundo Invisível do Plano Espiritual, como edificações providas dos mais diversos objetos, aparelhos, veículos de transporte, etc.]


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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