Cap. XV — Item 2.
1 Quem ainda não caiu nos resvaladouros do erro?
2 Quem ainda não se viu forçado a reerguer-se de muitas quedas?
3 Tange as fibras do coração e estende a indulgência, servindo aos companheiros que o açoite da provação flagela e vergasta.
Ei-los que surgem por toda parte:
4 O doente recluso no manicômio, expirando à míngua de luz, no crepúsculo da existência…
5 A jovem acidentada cujos olhos empalidecem para não mais fitarem o azul do céu…
6 O moço que ostenta a saúde a brincar-lhe no corpo e a irreflexão a empurrar-lhe a alma para os antros do vício…
7 A mulher que resume ao mesmo tempo a ternura de mil mãezinhas, ao enlaçar o filhinho amado e enfermo, desfalecente e já sem forças para chorar…
8 O homem de passo errante que se estira de cansaço sobre passeios e bancos da via pública, tentando conciliar o sono sem sonhos do supremo infortúnio…
9 O cultivador do solo, preso a dores antigas e que não troca de vestimenta há vários meses de intensa luta…
10 A dama elegante e bela que traz o coração repleto de enganos sob o colo estrelado de joias…
11 O ébrio de olhar sem brilho e de lábios sem cor, que avança para o sepulcro, cambaleando aos soluços dos filhos entregues à ignorância e à necessidade…
12 A velhinha encarquilhada que ainda busca coser farrapos de velhos sonhos…
13 O sentenciado infeliz cuja consolação é somente ouvir a orquestra dos passarinhos sobre as telhas do cárcere…
14 Construindo o bem sem alarde, no sublime anonimato do amor fraterno, os espíritas podem e devem ser os novos samaritanos, em plena vida de hoje.
15 Embora humildes e pequeninos, mas convictos de que desfrutamos a Eternidade, na qual já podemos viver felizes, sigamos a Jesus, o Excelso Timoneiro, acompanhando a marcha gloriosa de suor e de luta em que porfiam incansavelmente os nossos benfeitores abnegados, — os Espíritos de Escol.
Eurípedes Barsanulfo