Cap. XVII — Item 3.
1 Nas faixas mínimas da sua experiência cotidiana surge o roteiro humano que você representa para os outros.
2 Os traços do semblante pintam-lhe o clima interior.
3 Os seus objetos de uso pessoal compõem o edifício da sua simplicidade.
4 A ordem dos seus afazeres indica-lhe o grau de disciplina.
5 O cumprimento das suas obrigações denuncia-lhe o valor da palavra empenhada.
6 O teor da amizade dos seus vizinhos, para com a sua pessoa, qualifica a sua capacidade de se fazer entendido.
7 O diapasão da sua palestra dá o tom da sua altura íntima.
8 A segurança da sua opinião traduz a firmeza dos seus ideais.
9 Os tecidos que lhe envolvem o corpo configuram-lhe o senso de naturalidade.
10 As iguarias da sua mesa revelam-lhe o papel do estômago no mundo moral.
11 A natureza do cuidado com o seu físico fala francamente de suas possíveis relações com a vaidade.
12 O seu presente diz, para todos, o que você foi no passado e o que você será no porvir, com reduzidas possibilidades de erro.
13 A uniformidade entre o movimento das suas ideias, dos seus conceitos e das suas ações disseca, à vista de todos, a fibra da sua vontade.
14 Todas as criaturas que lhe partilham a existência leem incessantemente os letreiros vivos que lhe estabelecem a verdadeira identidade nos panoramas da Vida, respondendo-lhe as mensagens inarticuladas com aversão ou simpatia, contentamento ou desagrado, conforme a sua plantação de bem ou mal.
André Luiz