Cap. V — Item 12.
1 Usufruímos na Espiritualidade o continente sem limites de onde viemos; no Universo Físico, o mar sem praias em que navegamos de quando em quando, e, na Vida Eterna, o abismo sem fundo em que desfrutamos as magnificências divinas.
2 No trajeto multimilenário de nossas experiências, aprendemos, entre sucessivos transes de nascimento e desencarnação, a alegria de viver, descobrindo e reconhecendo a necessidade e a compensação do sofrimento, sempre forjado por nossas próprias faltas.
3 Já renascemos e remorremos milhões de vezes, contraindo e saldando obrigações, assinalando a excelsitude da Providência e o valor inapreciável da humildade, para saber, enfim, que toda revolta humana é absurda e impotente.
4 Se as lutas do burilamento moral não têm unidade de medida, a ação do amor é infinita na solução de todos os problemas e na medicação de todas as dores.
5 Tolera com paciência as inevitáveis, mas breves provas de agora, para que te rejubiles depois.
6 Nos compromissos espirituais, todos encontramos solvibilidade através do esforço próprio. Aproveitemos a bênção da dor na amortização dos débitos seculares que nos ferreteiam as almas, perseverando resignadamente no posto de sentinelas do bem, até que o Senhor mande render-nos com a transformação pela morte.
7 Sempre trazemos dívidas de lágrimas uns para com os outros.
8 Vive, assim, em paz com todos, principalmente junto aos irmãos com os quais a tua vida se entrecomunica, a cada instante, legando, por testamento e fortuna, atos de amor e exemplos de fé, no fortalecimento dos Espíritos de amigos e descendentes.
9 Se há facilidade para remorrer, há dificuldades para renascer. As portas dos cemitérios jamais se fecham; contudo, as portas da reencarnação só se abrem com a senha do mérito haurido nas edificações incessantes da caridade.
10 As dores iguais criam os ideais semelhantes.
11 Auxiliemo-nos mutuamente.
12 O Evangelho — o livro-luz da evolução — é o nosso apoio. Busquemos a Jesus, lembrando-nos de que o lamento maior, o desesperado clamor dos clamores, que poderia ter partido de seus lábios, na potência de mil ecos dolorosos, jamais chegou a existir…
Lins de Vasconcellos