Cap. X — Item 15.
1 O desconhecido passou, de carro, enlameando-te a veste, como se toda a rua lhe pertencesse… Compadece-te dele. Corre, desabalado, à procura de alguém que lhe socorra o filhinho nos esgares da morte.
2 Linda mulher, que pérolas e brilhantes enfeitam, segue a teu lado, parecendo fingir que te não percebe a presença… Compadece-te! Ela tem os olhos embaciados de pranto e não chegou a ver-te.
3 Jovem, admiravelmente bem-posto, cruzou contigo, endereçando-te palavra de sarcasmo e de injúria… Compadece-te! Ele tem os passos no caminho do hospício e ainda não sabe.
4 O amigo que mais amas negou-te um favor… Compadece-te dele! Não lhe vês a dificuldade encravada no coração.
5 Companheiros do mundo!… Estarão contigo, notadamente no lar, onde guardam os nomes de pai e mãe, esposo e esposa, filhos e irmãos…
6 Muita vez, levantam-se de manhã, chorosos e doloridos, aguardando um sorriso de entendimento, ou chegam do trabalho, fatigados e tristes, esmolando compreensão.
7 Todos trazem consigo aflições e problemas que desconheces.
8 Ergue a própria alma e auxilia sempre!… Indulgência para todos! Bondade para com todos!…
9 E, se algum deles te fere diretamente a carne ou a alma, não levantes o braço ou a voz para revidar.
10 Busca no silêncio a inspiração do Senhor, e o Mestre, como se estivesse descendo da cruz em que pediu perdão para os próprios verdugos, ( † ) te dirá compassivo:
— Perdoa, sim! perdoa sempre, porque, em verdade, aqueles que não perdoam também não sabem o que fazem…
Meimei