Cap. V — Item 18.
1 Amanheceste chorando pelos que te não compreendem.
2 Amigos diletos rixaram contigo.
3 Nos mais amados, viste o retrato da ingratidão.
4 Aspiravas a desentranhar o carinho nos corações queridos, com a pureza, e a simplicidade da abelha que extrai o néctar das flores sem alterá-las, e, porque não conseguiste, queres morrer…
5 Não te encarceres, porém, nos laços do desespero.
6 Afirmas-te à procura do amor, mas não te recordas daqueles para quem o teu simples olhar seria assim como o sorriso da estrela, descerrado nas trevas.
7 Mostram a cabeça encanecida, à feição de nossos pais, são irmãos semelhantes a nós ou são jovens e crianças que poderiam ser nossos filhos… Contudo, estiram-se em leitos de pedra ou refugiam-se em antros, fincados no solo, quais se fossem proscritos atormentados.
8 Não te pedem mais que um pão, a fim de que se lhes restaurem as energias do corpo enfermo, ou uma palavra de esperança que lhes console a alma dorida.
9 Não percas o tesouro das horas, na aflição sem proveito.
10 Podes ser, ainda hoje, o apoio dos que esmorecem, desalentados, ou a luz dos que jazem nas sombras; podes estender o cobertor agasalhante sobre aqueles a quem a noite pede perdão por ser longa e fria, aliviar o suplício dos companheiros que a moléstia carcome ou dizer a frase calmante para os que enlouqueceram de sofrimento…
11 Sai, pois, de ti mesmo para conhecer a glória de amar!…
12 Perceberás, então, que a existência na Terra é apenas um dia na eternidade, aprendendo a iluminá-la de amor, como quem anda fazendo sol, nos caminhos da vida, e encontrarás, mais tarde, em cânticos de alegria, todos aqueles que te não amam agora, amando-te muito mais, por te buscarem a luz no instante do entardecer.
Meimei