Cap. XVIII — Item 3.
“Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta que conduz à perdição.” — Jesus. (MATEUS, 7.13)
1 Em nos referindo a semelhante afirmativa do Mestre, não nos esqueçamos de que toda porta constitui passagem incrustada em qualquer construção, a separar dois lugares, facultando livre curso entre eles.
2 Porta, desse modo, é peça arquitetônica encontradiça em paredes, muralhas e veículos, permitindo, em todos os casos, franco passadouro.
3 E as portas referidas por Jesus, a que estrutura se entrosam?
4 Sem dúvida, a porta estreita e a porta larga pertencem à muralha do tempo, situada à frente de todos nós.
5 A porta estreita revela o acerto espiritual que nos permite marchar na senda evolutiva, com o justo aproveitamento das horas.
6 A porta larga expressa-nos o desequilíbrio interior, com que somos forçados à dor da reparação, com lastimáveis perdas de tempo.
7 Aquém da muralha, o passado e o presente.
8 Além da muralha, o futuro e a eternidade.
9 De cá, a sementeira do “hoje”.
10 De lá, a colheita do “amanhã”.
11 A travessia de uma das portas é ação compulsória para todas as criaturas.
12 Porta larga, — entrada na ilusão, — saída pelo reajuste…
13 Porta estreita, — saída do erro, — entrada na renovação…
14 O momento atual é de escolha da porta, estreita ou larga.
15 Os minutos apresentam valores particulares, conforme atravessemos a muralha, pela porta do serviço e da dificuldade ou através da porta dos caprichos enganadores.
16 Examina, por tua vez, qual a passagem que eleges por teus atos comuns, na existência que se desenrola, momento a momento.
17 Por milênios, temos sido viajores do tempo a ir e vir pela porta larga, nos círculos de viciação que forjamos para nós mesmos, engodados na autoridade transitória e na posse amoedada, na beleza física e na egolatria aviltante.
18 Renovemo-nos, pois, em Cristo, seguindo-o, nas abençoadas lições da porta estreita, a bendizer os empecilhos da marcha, conservando alegria e esperança na conversão do tempo em dádivas da Felicidade Maior.
Emmanuel