Cap. XXVI — Item 10.
1 No falso pressuposto de que haja médiuns e mediunidades mais importantes entre si, recordemos o velho apólogo que Menênio Agripa contou ao povo amotinado de Roma, a fim de sossegar-lhe o espírito em discórdia.
2 “Se o cérebro, por reter a ideação fulgurante, desprezasse o estômago ocupado na tarefa obscura da digestão, a cabeça não conseguiria pensar; 3 se os olhos, por refletirem a luz, declarassem guerra aos intestinos por serem eles vasos seletores de resíduos, decerto que, a breve tempo, a retina seria espelho morto nas trevas, 4 e se o tronco, por sentir-se guindado a pequena altura, condenasse os pés por viverem ao contato do solo, rolaria o corpo sem equilíbrio.”
5 E, de nossa parte, ousaríamos acrescentar à antiga fábula que tudo, no campo de sequência da natureza, é solidariedade e cooperação.
6 Se os braços desaparecem, os pés se fazem mais ágeis; 7 em sobrevindo a surdez, acusa o olhar penetração mais intensa; 8 se a visão surge apagada, o tacto mais amplamente se desenvolve; 9 se o baço é extirpado, a medula óssea trabalha com mais afinco, de modo a satisfazer as necessidades do sangue.
10 Qual acontece no mundo orgânico, a Doutrina Espírita é um grande corpo de revelações e de bênçãos, no qual cada médium possui tarefa específica.
11 Esse esclarece…
12 Aquele consola…
13 Outro pensa feridas…
14 Aquele outro anula perturbações…
15 Esse incorpora sofredores angustiados…
16 Aquele transmite elucidações de instrutores devotados à grande beneficência…
17 Outro recebe a palavra construtiva…
18 Aquele outro se incumbe da mensagem santificante…
19 Como é fácil observar, o passe curativo é irmão da prece confortadora, a desobsessão é o reverso da iluminação espiritual e o verbo fulgente da praça pública é outra face do livro que o silêncio abençoa.
20 Em nossa esfera de serviço, portanto, já que prescindimos do profissionalismo religioso, não existem médiuns-pastores, médiuns-gerentes, médiuns-líderes ou médiuns-diretores, porquanto, a cada qual de nós cabe uma parte do grande apostolado de redenção que nos foi atribuído pela Espiritualidade Maior.
21 E se todos nós, em conjunto, temos um mentor a procurar e a ouvir de maneira especialíssima, no plano da consciência e no santuário do coração, esse Mentor é Nosso Senhor Jesus-Cristo — o Sol do Amor Eterno — a cuja luz, no grande dia de nossos mais altos ajustamentos, deveremos revelar em nós mesmos a divina essência da Sua lição divina:
— “A cada qual por suas obras.” ( † )
Cairbar Schutel