Cap. III — Item 19.
1 A Presença Divina constitui verdade perene.
Até o silêncio da pedra fala em Deus.
2 O Universo repousa na disciplina.
O labirinto da selva revela ordem em cada pormenor.
3 Em a Natureza, tudo pede compreensão e respeito.
O deserto é o cadáver do mar.
4 Há sabedoria em todas as coisas.
Embora sem tato, a trepadeira sabe encontrar apoio; não obstante sem visão, o girassol descobre sempre o astro rei.
5 Em tudo existe a feição boa.
As nuvens mais sombrias refletem a luz solar.
6 Eternidade significa aprimoramento contínuo de repetições.
Sem recapitular movimentos, a Terra desagregar-se-ia.
7 A fé construtiva não teme a adversidade.
O penhasco no dilúvio é ponto de segurança.
8 A obediência não dispensa a firmeza.
Humilhada e submissa, a água se amolda a qualquer recipiente, mas, resoluta e perseverante, atravessa o rochedo.
9 Toda empresa solicita cultura e prática.
Inexperiente, o homem vivo naufraga no bojo das águas; adaptado, o lenho morto navega na superfície do mar.
10 O aspecto exterior nem sempre denuncia a realidade.
O vento, supostamente vadio, trabalha na função de cupido das flores.
11 Volume não expressa valor.
Apesar de pequenina, a semente é gota de vida.
12 A palavra feliz constrói invariavelmente.
Na linguagem do pássaro, todo som faz melodia.
13 Valor e humildade são expressões de inteligência sublime.
Se o cume mais alto recebe a chuva em primeiro lugar, o vale mais baixo recolhe, ao fim, a maior parte da água.
14 Para revelar-se, o bem não exige trombeta.
Conquanto invisível, a onda de perfume, muita vez, nutre e refaz.
15 No campo da evolução, a paz é conquista inevitável da criatura.
A escarpa de hoje será planície amanhã.
André Luiz