Cap. X — Item 16.
1 Logo após fundar o Lar “Anália Franco”, na cidade de São Manuel, no Estado de São Paulo, viu-se D. Clélia Rocha em sérias dificuldades para mantê-lo.
2 Tentando angariar fundos de socorro, a abnegada senhora conduzia crianças, aqui e ali, em singelas atividades artísticas. Acordava almas. Comovia corações. E sustentava o laborioso período inicial da obra.
3 Desembarcando, certa noite, em pequena cidade, foi alvo de injusta manifestação antiespírita. Apupos. Gritaria. Condenações.
4 D. Clélia, com o auxílio de pessoas bondosas, protege as crianças. Em meio à confusão, vê que um moço robusto se aproxima e, marcando-lhe a cabeça, atira-lhe uma pedra.
5 O golpe é violento. O sangue escorre. Mas a operosa servidora do bem procede como quem desconhece o agressor.
6 Medica-se depois.
Há espíritas devotados que surgem. D. Clélia demora-se por mais de uma semana, orando e servindo.
7 Acabava de atender a um doente em casa particular, quando entra senhora aflitíssima. É mãe. Tem o filho acamado com meningite e pede-lhe auxílio espiritual.
8 D. Clélia não vacila. Corre ao encontro do enfermo e, surpreendida, encontra nele o jovem que a ferira.
9 Febre alta. Inconsciência. A missionária desdobra-se em desvelo.
10 Passes. Vigílias. Orações. Enfermagem carinhosa.
11 Ao fim de seis dias, o doente está salvo. Reconhece-a envergonhado e, quando a sós, beija-lhe respeitosamente as mãos e pergunta:
— A senhora me perdoa?
12 Ela, contudo, disse apenas, com brandura:
— Deus te abençoe, meu filho.
13 Mas o exemplo não ficou sem fruto, porque o moço recuperado fez-se valoroso militante da Doutrina Espírita e, ainda hoje, onde se encontra é denodado batalhador do Evangelho.
Hilário Silva