O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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O Evangelho por Emmanuel — Volume V — 2ª Parte ©

Textos paralelos de Atos dos apóstolos e Paulo e Estêvão

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Prisão e libertação de Paulo e Silas em Filipos

19 Vendo os senhores dela que se acabou a esperança de trabalho deles, tomando a Paulo e a Silas, os arrastaram para a praça, perante as autoridades 20 e, conduzindo-os aos pretores, disseram: estes homens, sendo judeus, perturbam a nossa cidade, 21 anunciando costumes que não nos é lícito receber nem praticar, por sermos romanos. 22 Levantou-se a turba contra eles, e os pretores, rasgando as vestes deles, mandaram açoitá-los com varas. 23 Tendo imposto sobre eles muitos golpes, os lançaram na prisão, ordenando ao carcereiro guardá-los com segurança. 24 Ele, recebendo tal ordem, lançou-os na prisão [mais] interna, e prendeu os pés deles no tronco. 25 Por [volta da] meia-noite, Paulo e Silas estavam orando e entoando [hinos/salmos], e os prisioneiros escutavam a eles. 26 De repente, ocorreu um grande terremoto, a ponto de serem sacudidos os alicerces do cárcere; abriram-se imediatamente todas as portas, e todas as amarras foram soltas. 27 Despertando, e vendo as portas da prisão abertas, o carcereiro, puxando a espada, estava prestes a eliminar a si mesmo, supondo terem fugido os prisioneiros. 28 Paulo, porém, bradou em alta voz, dizendo: não te faças nenhum mal, pois todos estamos aqui. 29 Depois de pedir luzes, correu para dentro; ficando trêmulo, prosternou-se [diante de] Paulo e Silas. 30 E conduzindo-os para fora, disse: senhores, que é necessário fazer para que [eu] seja salvo? 31 Eles disseram: crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e a tua casa. 32 E falaram a palavra do Senhor com todos os que [estavam] na sua casa. 33 Tomando eles consigo, naquela [mesma] hora da noite, lavou-lhes as feridas e, imediatamente, ele foi batizado, [como] também todos os seus. 34 Após conduzi-los para a [própria] casa, preparou a mesa; e exultou-se com toda a sua casa, por terem crido em Deus. 35 Ao amanhecer, os pretores enviaram os lictores, dizendo: Soltai aqueles homens. 36 O carcereiro anunciou a Paulo [essas] palavras: os pretores [nos] enviaram para que sejais soltos. Agora, portanto, saí e ide em paz. 37 Paulo, porém, disse para eles: depois de nos açoitar publicamente, sendo [nós] cidadãos romanos, nos lançaram na prisão, e agora nos expulsam secretamente? Nada disso, que venham eles mesmos e nos conduzam para fora. 38 Relataram essas palavras aos pretores e lictores; ao ouvirem que [eles] eram romanos, ficaram com medo. 39 Vindo [eles], rogaram a eles; e, conduzindo-os para fora, pediram que partissem da cidade. 40 Tendo saído da prisão, dirigiram-se para a [casa] de Lídia; vendo os irmãos, os confortaram, e partiram. — (Atos 16:19-40)


29 O incidente, entretanto, teria mais vastas repercussões, além daquelas que os Apóstolos do Mestre poderiam esperar. A pitonisa não mais recebeu a visita da entidade que distribuía palpites de toda sorte. Em vão, os consulentes viciados lhe bateram à porta. Vendo-se privados da renda fácil, os prejudicados fomentaram largo movimento de revolta contra os missionários. ( † ) Espalhava-se o boato de que Filipes, em virtude da audácia do pregador revolucionário, fora privada da assistência dos Espíritos de Deus. Os fanáticos exaltaram-se. Daí a três  dias, Paulo e Silas foram surpreendidos, em plena praça, com um ataque do povo e foram presos a troncos pesadíssimos e flagelados, sem compaixão. Sob os apupos da massa ignorante, submeteram-se, com humildade, ao suplício.  30 Quando sangravam sob as varas impiedosas, houve a intervenção das autoridades e foram então conduzidos ao cárcere, abatidos e cambaleantes. Dentro da noite escura e dolorosa, incapacitados de dormir, pelas dores crudelíssimas, os discípulos de Jesus vigiaram em preces ungidas de luminoso fervor. Lá fora, rugia a tempestade em trovões terríveis e ventos sibilantes. Filipes inteira parecia abalada em seus alicerces pela tormenta fragorosa. Passava da meia-noite e os dois Apóstolos oravam em voz alta. Os prisioneiros vizinhos, vendo-os em oração, pareciam acompanhá-los, pela expressão do rosto. Paulo contemplou-os, através das grades, e, aproximando-se, a custo, começou a pregar o Reino de Deus.  31 Ao comentar a tempestade imprevista que se abatera sobre o ânimo dos discípulos, enquanto Jesus dormia na barca, ( † ) um fato maravilhoso feriu os olhos dos encarcerados. As portas pesadas das numerosas celas se abriram sem ruído. Silas ficou lívido. Paulo compreendeu e saiu ao encontro dos companheiros. Continuou pregando as verdades eternas do Senhor, com entonação impressionante; e vendo umas dezenas de homens de peito hirsuto, barbas longas, fisionomias taciturnas, como se estivessem plenamente esquecidos do mundo, o Apóstolo dos gentios falou, com mais entusiasmo, da missão do Cristo e pediu que ninguém tentasse fugir. Os que se reconhecessem culpados agradecessem ao Pai os benefícios da corrigenda; os que se julgassem inocentes dessem expansão ao regozijo, porque só os martírios do justo podiam salvar o mundo. Esses argumentos de Paulo contiveram toda a estranha e reduzida assembleia. Ninguém procurou alcançar a porta de saída, senão que, reunindo-se em torno daquele desconhecido, que tão bem sabia falar aos desgraçados, muitos se ajoelharam em pranto, convertendo-se ao Salvador que ele anunciava com bondade e energia.


32 Ao alvorecer, amainada a tormenta, levanta-se o carcereiro, perturbado pelo vozerio singular. Vendo as portas abertas e temendo a sua responsabilidade, tenta matar-se, instintivamente. ( † ) Mas Paulo avança e impossibilita-lhe o gesto extremo, explicando-lhe a ocorrência. Todos os encarcerados regressaram humildes ao seu cubículo. Lucano, o carcereiro, converte-se à nova doutrina. Antes que a claridade diurna invadisse a paisagem, ei-lo que traz aos Apóstolos os socorros de emergência, pensando-lhes as feridas, sensibilizado como nunca. Residindo ali mesmo, conduz os discípulos ao interior doméstico, manda servir-lhes alimento e vinho reconfortante. Logo nas primeiras horas, os juízes filipenses são informados dos fatos. Cheios de temor, mandam libertar os pregadores; mas, Paulo, desejando oferecer garantias ao serviço cristão que se iniciava na igreja fundada em casa de Lídia, alega sua condição de cidadão romano, a fim de infundir mais respeito aos magistrados de Filipes pelas ideias do profeta nazareno. Recusa a ordem de soltura para exigir a presença dos juízes, que comparecem receosos. O Apóstolo anuncia-lhes o Reino de Deus e, exibindo seus títulos, obriga-os a escutar suas dissertações relativamente a Jesus. Fê-los sabedores dos trabalhos evangélicos que alvoreciam na cidade, com a cooperação de Lídia e comentou o direito dos cristãos em toda parte. Os magistrados apresentaram-lhe desculpas, garantiram a manutenção da paz para a igreja nascente, e, alegando a extensão de suas responsabilidades perante o povo, rogaram a Paulo e Silas que deixassem a cidade, para evitar novos tumultos.


33 O ex-rabino sentiu-se satisfeito e, voltando a residência da generosa purpureira, em companhia de Silas que lhe reconhecia a fortaleza, sem dissimular o grande espanto, ali demorou alguns dias traçando o programa dos trabalhos da nova sementeira de Jesus. […]


Emmanuel



(Paulo e Estêvão, FEB Editora. Segunda parte. Capítulo 6, pp. 365 e 366. Indicadores 29 a 33)


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