Ali permaneceram evangelizando. — (Atos 14:7)
104 […] Após viagem penosíssima, chegaram à pequena cidade, num crepúsculo pardacento. Estavam exaustos.
105 A irmã de Onesíforo, † no entanto, foi pródiga em gentilezas. Velha viúva de um grego abastado, Lóide morava em companhia de sua filha Eunice, igualmente viúva, e de seu neto Timóteo, cuja inteligência e generosos sentimentos de menino constituíam o maior encanto das duas senhoras. Os mensageiros da Boa Nova foram recebidos nesse lar com inequívocas provas de simpatia. O inexcedível carinho dessa família foi um bálsamo confortador para ambos. Conforme seu hábito, Paulo referiu-se na primeira oportunidade ao desejo imenso de trabalhar, durante o tempo de sua permanência em Listra, de modo a não se tornar passível de maledicência ou crítica, mas a dona da casa opôs-se terminantemente. Seriam seus hóspedes. Bastava a recomendação de Onesíforo para que ficassem tranquilos. Além disso, explicava: Listra era uma cidade muito pobre, possuía apenas duas tendas humildes, onde nunca se faziam tapetes.
106 Paulo estava muito sensibilizado com o acolhimento carinhoso. Na mesma noite da chegada, observou a ternura com que Timóteo, tendo pouco mais de treze anos, tomava os pergaminhos da Lei de Moisés e os Escritos Sagrados dos Profetas. Deixou o Apóstolo que as duas senhoras comentassem as revelações em companhia do mesmo, até que fosse chamado a intervir. Quando tal se deu, aproveitou o ensejo para fazer a primeira apresentação do Cristo ao coração enlevado dos ouvintes. Tão logo começou a falar, observou a profunda impressão das duas mulheres, cujos olhos brilhavam enternecidos; mas o pequeno Timóteo ouvia-o com tais demonstrações de interesse que, muitas vezes, lhe acariciou a fronte pensativa.
Os parentes de Onesíforo receberam a Boa Nova com júbilos infinitos. No dia imediato não se falou de outra coisa. O rapaz fazia interrogações de toda espécie. O Apóstolo, porém, atendia-o com alegria e interesse fraternais.
107 Durante três dias os missionários entregaram-se a caricioso descanso das energias físicas. Paulo aproveitou a ocasião para conversar largamente com Timóteo, junto do grande curral onde as cabras se recolhiam.
Somente no sábado, procuraram tomar contato mais íntimo com a população. Listra estava cheia das mais estranhas lendas e crendices. As famílias judaicas eram muito raras e o povo simplório aceitava como verdades todos os símbolos mitológicos. A cidade não possuía sinagoga, mas um pequeno templo consagrado a Júpiter, † que os camponeses aceitavam como o pai absoluto dos deuses do Olimpo. † Havia um culto organizado. As reuniões efetuavam-se periodicamente, os sacrifícios eram numerosos.
Emmanuel
[1] Dentre os eventos em Listra, um destaca-se em importância: o encontro de Paulo com o jovem Timóteo, narrado apenas por Emmanuel. Timóteo é um personagem que será citado pelo autor de Atos pela primeira vez no capítulo 16, versículo 1, onde registra-se o seu caráter diferenciado e sua associação a Paulo e Silas. Esse encontro não é, de acordo com o autor espiritual, o primeiro, sendo este o que ocorreu anos antes nos episódios suscintamente registrados em Atos, 14:7. Nesse sentido, a adesão de Timóteo ao grupo de divulgadores representaria a colheita da atenção e dedicação despendidas por Paulo a um jovem adolescente. O zelo do Apóstolo dos Gentios pela juventude é aqui demonstrado e o resultado é que Timóteo se tornaria um dos mais importantes colabores de Paulo, sendo destinatário de duas das imortais cartas redigidas por Paulo (I e II Timóteo). A relevância desses fatos fez com que a equipe optasse por incluir, na referência existente à permanência de Paulo em Listra, todos esses acontecimentos.
(Paulo e Estêvão, FEB Editora. Segunda parte. Capítulo 4, pp. 323 e 324. Indicadores 104 a 107)