O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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O Evangelho por Emmanuel — Volume V — 2ª Parte ©

Textos paralelos de Atos dos apóstolos e Paulo e Estêvão

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Barnabé vai em busca de Saulo  n

25 [Barnabé] partiu para Tarso, a fim de buscar Saulo 26 e, ao encontrá-lo, o conduziu para Antioquia. […] — (Atos 11:25, 26)


1 Transformado em rude operário, Saulo de Tarso apresentava notável diferença fisionômica. Acentuara-se-lhe a feição de asceta. Os olhos, contudo, denunciando o homem ponderado e resoluto, revelavam igualmente uma paz profunda e indefinível.

Compreendendo que a situação não lhe permitia idealizar grandes projetos de trabalho, contentava-se em fazer o que fosse possível. Sentia prazer em testemunhar a mudança de conduta aos antigos camaradas de triunfo, por ocasião das festividades tarsenses. Orgulhava-se, quase, de viver do modesto rendimento do seu árduo labor. Vezes várias, ele próprio atravessava as praças mais frequentadas, carregando pesados fardos de pelo caprino. Os conterrâneos admiravam a atitude humilde, que era agora o seu traço dominante. As famílias ilustres contemplavam-no com piedade. Todos os que o conheceram na fase áurea da juventude, não se cansavam de lamentar aquela transformação. A maioria tratava-o como alienado pacífico. Por isso, nunca faltavam encomendas ao tecelão das proximidades do Tauro.  †  A simpatia dos seus concidadãos, que jamais lhe compreenderiam integralmente as ideias novas, tinha a virtude de amplificar seu esforço, aumentando-lhe os parcos recursos. 2 Ele, por sua vez, vivia tranquilo e satisfeito. O programa de Abigail constituía permanente mensagem ao seu coração. Levantava-se, todos os dias, procurando amar a tudo e a todos; para prosseguir nos caminhos retos, trabalhava ativamente. Se lhe chegavam desejos ansiosos, inquietações para intensificar suas atividades fora do tempo apropriado bastava esperar; se alguém dele se compadecia, se outros o apelidavam de louco, desertor ou fantasista, procurava esquecer a incompreensão alheia com o perdão sincero, refletindo nas vezes muitas que, também ele, ofendera os outros, por ignorância. Estava sem amigos, sem afetos, suportando os desencantos da soledade que, se não tinha companheiros carinhosos, também não necessitava temer os sofrimentos oriundos das amizades infiéis. Procurava encontrar no dia o colaborador valioso que não lhe subtraía as oportunidades. Com ele tecia tapetes complicados, barracas e tendas, exercitando-se na paciência indispensável aos trabalhos outros que ainda o esperavam nas encruzilhadas da vida. A noite era a bênção do espírito. A existência corria sem outros pormenores de maior importância, quando, um dia, foi surpreendido com a visita inesperada de Barnabé.


3 O ex-levita de Chipre  †  encontrava-se em Antioquia,  †  a braços com sérias responsabilidades. A igreja ali fundada reclamava a cooperação de servos inteligentes. Inúmeras dificuldades espirituais a serem resolvidas, intensos serviços a fazer. A instituição fora iniciada por discípulos de Jerusalém,  †  sob os alvitres generosos de Simão Pedro. O ex-pescador de Cafarnaum  †  ponderou que deveriam aproveitar o período de calma, no capítulo das perseguições, para que os laços do Cristo fossem dilatados. Antioquia era dos maiores centros operários. Não faltavam contribuintes para o custeio das obras, porque o empreendimento grandioso tivera repercussão nos ambientes de trabalho mais humildes; entretanto escasseavam os legítimos trabalhadores do pensamento. Ainda, aí, entrou a compreensão de Pedro para que não faltasse ao tecelão de Tarso o ensejo devido. Observando as dificuldades, depois de indicar Barnabé para a direção do núcleo do “Caminho”, aconselhou-o a procurar o convertido de Damasco,  †  a fim de que sua capacidade alcançasse um campo novo de exercício espiritual.


4 Saulo recebeu o amigo com imensa alegria.

Vendo-se lembrado pelos irmãos distantes, tinha a impressão de receber um novo alento.

O companheiro expôs o elevado plano da igreja que lhe reclamava o concurso fraterno, o desdobramento dos serviços, a colaboração constante de que poderiam dispor para a construção das obras de Jesus-Cristo. Barnabé exaltou a dedicação dos homens humildes que cooperavam com ele. A instituição, todavia, reclamava irmãos dedicados, que conhecessem profundamente a Lei de Moisés e o Evangelho do Mestre, a fim de não ser prejudicada a tarefa da iluminação intelectual.

O ex-rabino edificou-se com a narração do outro e não teve dúvidas em atender ao apelo. Apenas apresentava uma condição, qual a de prosseguir no seu ofício, de maneira a não ser pesado aos seus confrades de Antioquia. Inútil qualquer objeção de Barnabé, nesse sentido.


Emmanuel



[1] Paulo permanece pacientemente em Tarso por três anos, sem outras preocupações que não refazer em si mesmo novas bases e valores, abrindo mão do homem velho e fortalecendo o homem novo. Quando Barnabé parte de Antioquia para Tarso, em busca do convertido de Damasco, o encontra profundamente transformado. Por essa razão, a equipe transcreveu, aqui, a situação em que Paulo estava quando foi chamado por Barnabé.

(Paulo e Estêvão, FEB Editora. Segunda parte. Capítulo 4, pp. 277 a 279. Indicadores 1 a 4)


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